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A ação deste domingo foi uma resposta do ditador sírio ao protesto contra o governo que reuniu, na sexta-feira, mais de 500 mil pessoas em Hama | HO/Reuters
A ação deste domingo foi uma resposta do ditador sírio ao protesto contra o governo que reuniu, na sexta-feira, mais de 500 mil pessoas em Hama| Foto: HO/Reuters

Damasco - Pelo menos cem civis morreram e centenas ficaram feridos ontem em Hama, na Síria, em ofensiva das forças do ditador Bashar Assad para tentar coibir as manifestações contra o seu governo. A maior parte das vítimas era habitante da cidade, dominada pelos rebeldes e que o regime de Assad tenta retomar há várias semanas, informaram insurgentes. Desde o início do movimento opositor ao ditador sírio, em março, os conflitos já deixaram ao menos 2 mil mortos na Síria, sendo mais de 1,6 mil civis, segundo números divulgados por organizações de direitos humanos. As manifestações foram inspiradas nas revoluções árabes na Tunísia e no Egito, e se espalharam pelo país. Autoridades sírias expulsaram jornalistas de veículos independentes, tornando difícil verificar os relatos de violência.

Testemunhas afirmaram que, além da presença dos soldados, tanques atiravam em civis pelas ruas de forma contínua – cerca de quatro explosivos lançados a cada minuto no norte de Hama. A eletricidade e a água foram cortadas nos principais bairros, uma tática usada pelos militares para interromper protestos. A agência oficial Sa­­na responsabiliza "bandos armados" pelos distúrbios no país e diz que dois militares foram assassinados por rebeldes na cidade.

Essa ação foi uma resposta ao protesto que reuniu, na sexta-feira, mais de 500 mil pessoas no local pedindo o fim da ditadura de Assad. Hama tem uma grande importância para o movimento contra o governo, pois o pai do ditador, o falecido presidente Hafez al-Assad, enviou suas tropas ao local para acabar com uma revolta em 1982, arrasando bairros inteiros e matando cerca de 30 mil pessoas, no episódio mais sangrento da história moderna da Síria.

Repercussão

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu que o presidente sírio, Bashar al Assad, interrompa a ofensiva militar contra os manifestantes. "O secretário-geral está muito preocupado com as informações da Síria de que centenas de manifestantes foram assassinados em Hama e em outros povoados e cidades do país", disse o porta-voz Martin Nesirky. Ban "condena com firmeza o uso da força contra a população civil e pede ao governo da Síria que detenha a violenta ofensiva de uma vez". O ministro italiano de Relações Ex­­te­wwriores, Franco Frattini, pediu on­tem a realização de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU para que seja adotada uma ação firme na Síria. O ministro britânico de Relações Exteriores, William Hague, disse estar "consternado" com os ataques, que, segundo ele, foram uma "ação coordenada em um certo número de cidades para tentar dissuadir o povo sírio de manifestar-se". "Esses ataques são mais impactantes por ocorrerem na véspera do início do Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos", afirmou.

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