As forças do governo restauraram na sexta-feira (23) a ordem em Kinshasa, a capital do Congo, após dois dias de intensos combates contra homens leais ao ex-líder rebelde Jean-Pierre Bemba, segundo a Monuc (missão militar da ONU no país).
Ao anoitecer, havia tiroteios esporádicos em torno da sede da ONU, no centro, de onde horas antes 900 civis haviam sido retirados. Funcionários da ONU disseram que o ruído era de soldados congoleses disparando para o alto.
"A Monuc saúda a restauração da ordem em Kinshasa pelas forças do governo", informa a nota, lamentando que a crise tenha se resolvido à força, e não por negociações.
Os confrontos começaram na quinta-feira, quando a milícia de Bemba, derrotado pelo presidente Jospeh Kabila nas eleições de 2006, resistiu a uma ordem do governo para se desarmar.
Na sexta-feira, mais de cem seguidores armados de Bemba se entregaram na fortificada sede da ONU, com o moral reduzido por causa da sua inferioridade numérica. Alguns teriam se rendido também no principal quartel do governo.
"Vim me tratar. Estou preocupado, não sei o que vai acontecer agora", disse à Reuters o guerrilheiro Bienvenu Mbongo, 27 anos, com um ferimento de bala na panturrilha direita e no pé esquerdo.
Outros seguidores de Bemba estavam deitados no chão, detrás dos sacos de areia deixados em frente ao portão da ONU. Muitos haviam trazido parentes das áreas mais atingidas pela violência desta semana.
As ruas estão cheias de corpos e uniformes abandonados. No bairro de Gombé, um dos mais sofisticados da cidade, os prédios têm marcas de morteiros e metralhadoras.
Esse foi o primeiro confronto em Kinshasa desde o segundo turno da eleição presidencial, em outubro, que deveria ter servido para virar a página de uma guerra civil (1998-2003) que fez quase 4 milhões de mortos. Não se sabe quantas vítimas fatais os combates desta semana deixaram na capital do antigo Zaire.