O Exército sírio retomou nesta quarta-feira (30) o bombardeio contra a cidade de Houla, cenário na semana passada de um massacre denunciado pela comunidade internacional, em um dia em que morreram 62 pessoas, apesar da pressão e das ameaças dos países ocidentais.

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A principal coalizão opositora, o Conselho Nacional Sírio (CNS), acusou a Rússia de incitar o regime de Bashar al Assad de cometer "crimes selvagens", depois das críticas de Moscou contra as sanções diplomáticas dos países ocidentais.

Em Genebra, o francês Jean-Marie Guéhenno, adjunto de Kofi Annan, mediador internacional na Síria, disse esperar "gestos concretos" do regime de Assad.

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"Após 15 meses de violência, só os sinais fortes terão impacto (...) O governo da Síria tem que dar passos importantes, não apenas para convencer a comunidade internacional, mas o que é ainda mais importante, para convencer o povo sírio de que está disposto a tomar um novo rumo", disse.

Enquanto a comunidade internacional permanece sem chegar a um acordo sobre as ações que precisam ser tomadas, a repressão do regime contra a revolta popular, iniciada em março de 2011, e os combates entre soldados e rebeldes prosseguem no país, com um balanço de 62 mortos nesta quarta-feira, segundo os rebeldes.

O Exército voltou a bombardear, esta noite, a cidade de Houla, onde 108 pessoas morreram na sexta e no sábado, entre elas várias crianças, segundo o CNS, que pediu aos observadores da ONU que vão para esta cidade para "proteger os civis".

Os cerca de 300 observadores da ONU deslocados na Síria não conseguem que se respeite a trégua do plano Annan, que entrou teoricamente em vigor em 12 de abril, mas continua sendo sistematicamente violada.

O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) informou que "os moradores fogem para outros povoados da região de Houla por medo de novos massacres", e há colunas de fumaça sobre a cidade de Taldo, alvo dos bombardeios.

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Mortes

Segundo os observadores da ONU, 108 pessoas, entre elas 50 crianças, morreram em Houla e outras 300 ficaram feridas.

De acordo com um responsável das Nações Unidas, parte das vítimas morreu por disparos de artilharia pesada, o que demonstra a responsabilidade do governo, enquanto outras pessoas foram executadas por arma branca, "o que aponta para as 'chabbiha'", as milícias ligadas ao regime.

Em outros locais do país morreram nesta quarta-feira 62 pessoas, a maioria civis, vítimas de ataques das forças do regime, informou o OSDH.

Na véspera, outras 98 pessoas morreram, 13 delas executadas em Deir Ezzor (leste), uma descoberta que deixou "profundamente perturbado" o chefe dos observadores da ONU, general Robert Mood.

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Em represália ao massacre em Houla, Japão e Turquia seguiram os passos de vários países ocidentais e expulsaram também diplomatas sírios de suas capitais.

As autoridades sírias responderam ordenando a saída da encarregada de negócios holandesa, uma das últimas representantes diplomáticas ocidentais ainda em Damasco.

Rússia

A Rússia lamentou uma medida "contraproducente" tomada pelos ocidentais e afirmou que "os canais importantes de influência sobre o governo sírio (...) agora estão fechados".

Em Nova York ressurgiram nesta quarta-feira as desavenças no Conselho de Segurança da ONU. Enquanto o embaixador alemão Peter Wittig manifestou o desejo de que o massacre de Houla "abra os olhos" dos aliados, o representante russo, Vitaly Churkin, disse que a oposição síria tampouco respeita a trégua e se nega a dialogar com Damasco.

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