Forças leais ao presidente sírio, Bashar al-Assad, entraram em confronto armado com desertores do Exército durante a madrugada deste domingo (28), próximo ao subúrbio nordeste de Damasco. Os soldados que eles combatiam se recusaram a atirar contra manifestantes em um protesto pró-democracia, disseram moradores neste domingo.
Enfrentando cinco meses de revolta popular, Assad está sob pressão devido aos protestos de rua, estimulados pelo mês santo do Ramadã. Chanceleres de Estados árabes pediram à Síria neste domingo que encerre a violência "antes que seja tarde demais".
A Liga Árabe decidiu enviar seu secretário-geral a Damasco para pressionar por reformas. O presidente da Turquia disse que perdeu a confiança na Síria.
Dezenas de soldados desertaram e fugiram para Al-Ghouta, uma região de pomares e plantações, depois que as forças pró-Assad dispararam tiros contra uma multidão de manifestantes em Harasta, nos subúrbios de Damasco, para impedir que eles fizessem uma passeata até a capital, disseram moradores.
"O Exército está dispararam metralhadoras de grosso calibre durante toda a noite em Al-Ghouta e enfrentam como resposta rifles menores", afirmou à Reuters, por telefone, um morador de Harasta.
Essa foi a primeira vez que ocorreu uma deserção perto da capital, onde as forças de Assad estão concentradas.
Autoridades sírias repetidamente negaram que estejam ocorrendo as deserções. Eles expulsaram a imprensa independente do país em março, quando ocorreu o início da revolta contra o presidente, liderada pela seita da minoria alauita.
"Buscar a razão"
No Cairo, a Liga Árabe disse em comunicado, após um encontro extraordinário, "que está preocupada com os perigosos acontecimentos em solo Sírio, que causaram milhares de vítimas" e "salienta a importância de se encerrar a violência e buscar a razão antes que seja tarde demais".
Foi o primeiro encontro da Liga Árabe sobre a Síria desde o início da revolta, que foi inspirada pelas revoluções na Tunísia e no Egito, responsáveis por espalhar protestos em todo o Oriente Médio e no Norte da África. Ministros das Relações Exteriores disseram que a estabilidade da Síria é crucial para o mundo árabe e toda a região.
A ONU (Organização das Nações Unidas) afirma que 2.200 pessoas foram mortas desde que Assad enviou tanques e tropas para acabar com meses de manifestações de rua, que têm como objetivo acabar com o governo comandado por sua família, que já dura 41 anos.
Autoridades sírias culparam "grupos terroristas" pela violência e disseram que 500 policiais ou soldados foram mortos.