O exército sírio matou ao menos 21 civis nesta quinta-feira (29) na Síria, segundo opositores, e a comunidade internacional pediu ao regime de Bashar al-Assad que permita que os observadores da Liga Árabe visitem todas as cidades e regiões afetadas pelos protestos.
Na cidade de Duma, ao norte de Damasco, ao menos quatro pessoas morreram e cerca de 20 ficaram feridas quando as forças de segurança dispararam contra "milhares de pessoas" que protestavam nos arredores da Grande Mesquita da cidade, informou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
"Um dos civis morreu pelos ferimentos e há muita gente que se encontra em estado crítico", informou a organização, sediada no Reino Unido.
Segundo o OSDH, o tiroteio coincidiu com a chegada da equipe de observadores da Liga Árabe à cidade, que realiza seu terceiro dia de missão e que recebeu nesta quinta-feira a aprovação da China.
O Observatório também afirmou que as forças de segurança mataram três pessoas nos subúrbios de Arbin e Kiswah, perto da capital, dois civis na província de Idleb (norte) e outros quatro na cidade de Hama (centro).
"As forças de segurança invadiram um hospital privado em Hama e estão detendo os feridos", acrescentou a fonte.
Segundo a organização humanitária, "enormes manifestações" estavam se desenrolando nos bairros de Hamidoiyeh e Bab Qubli de Hama.
O OSDH assegurou que mais de 70 civis perderam a vida pelos ataques das forças de segurança desde a chegada dos observadores ao país, na segunda-feira.
Aproveitando a presença dos especialistas em território sírio, os opositores do regime de Al-Assad pediram aos cidadãos através do Facebook que tomem as ruas do país na sexta-feira, dia de oração e descanso para os muçulmanos e no qual são convocados os grandes protestos da semana.
"Na sexta-feira protestaremos pela liberdade, com o peito aberto", sustentaram os incentivadores da Syria Revolution 2011.
"Protestaremos como fizemos em Homs (centro) e Hama, onde apenas levamos ramos de oliveiras para enfrentar os grupos de Bashar (al-Assad), que nos atacaram com balas e armas", disse o movimento.
O diretor do OSDH, Rami Abdel Rahmán, lembrou que os observadores devem ouvir a voz dos manifestantes, e descreveu a missão da Liga Árabe como um "raio de luz" em um túnel escuro.
"A iniciativa da Liga Árabe é o único raio de luz que vemos agora", disse Rahmán à AFP.
"A presença dos observadores em Homs rompeu a barreira do medo", assegurou.
Segundo a organização opositora, cerca de 70 mil pessoas encheram as ruas de Homs na terça-feira, coincidindo com a visita da equipe de especialistas da Liga Árabe.
As forças de segurança dispersaram a multidão com bombas de gás lacrimogêneo e disparos, o que fez com que os observadores finalizassem repentinamente sua visita à cidade, onde centenas de pessoas perderam a vida desde que o regime sírio iniciou a sangrenta repressão, em março.
Os Estados Unidos, a França e a organização Human Rights Watch pediram que Damasco que não oculte dos observadores o que está ocorrendo no país.
Paris também denunciou que os especialistas não puderam entrar em Homs depois que os vizinhos do bairro de Baba Amro impediram a entrada da missão, já que um oficial do exército sírio acompanhava os observadores.
O general Mohammed Ahmed Mustafá al Dabi, um oficial veterano dos serviços de inteligência militar do Sudão que lidera a equipe da Liga Árabe, contou à AFP que a visita a Homs foi "bem" e que as autoridades sírias estavam cooperando.
A missão forma parte de um plano árabe aprovado pela Síria para chegar ao final da repressão nas cidades e distritos opositores ao regime, que já deixou cerca de 5 mil mortos, de acordo com a ONU, e a libertação dos detidos.
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