O Exército sírio deslocou tropas para uma cidade da fronteira turca nesta sexta-feira para capturar inimigos "armados", segundo a TV estatal. A movimentação ocorreu depois que 2.800 moradores fugiram para a Turquia por medo de um ataque militar, após protestos contra o regime do presidente Bashar al-Assad.
Num momento em que a Síria se encaminha para uma nova rodada de manifestações pró-democracia - que costumam ocorrer na sexta-feira, o dia muçulmano de descanso e orações -- um jornal turco afirmou que a Turquia está estudando criar uma zona tampão ao longo da fronteira para o caso de centenas de milhares de pessoas tentarem escapar da intensificação da repressão de Assad contra os protestos antigovernamentais.
Autoridades sírias tinham dito que no começo da semana "gangues armadas" haviam matado mais de 120 membros das forças de segurança em Jisr al-Shughour, cidade de 50 mil habitantes na fronteira noroeste da Síria.
Mas entidades de defesa dos direitos humanos dizem que dezenas de civis foram mortos depois que alguns integrantes das forças de segurança se recusaram a disparar contra os manifestantes, o que deu início a confrontos entre soldados.
Esses grupos afirmam que mais de 1.100 civis foram mortos desde março nos protestos contra o regime da família Assad, que está há 41 anos no poder.
"Nosso correspondente em Jisr al-Shughour nos disse que, em resposta aos apelos do povo, unidades do Exército Arábe-Sírio começaram a cumprir sua obrigação em Jisr al-Shughour... a prender alguns membros armados", disse o apresentador da TV estatal.
Moradores disseram que veículos blindados e soldados invadiram o vilarejo de Sarmaniya, situado 10 quilômetros ao sul de Jisr al-Shughour, e cortaram as comunicações da região.
"Como sempre, eles começaram a atirar com metralhadoras pesadas no vilarejo. Mas a maioria dos moradores de Sarmaniya havia partido. Centenas de soldados e forças de segurança haviam desertado nos últimos dias. Eles (as forças pró-Assad), podem ter pensado que iriam encontrar alguns deles em Sarmaniya", afirmou uma testemunha, falando por telefone de uma área nas imediações de Jisr al-Shughour.
Deserções
Ativistas em defesa dos direitos humanos postaram um vídeo no YouTube no qual um homem que seria o coronel Hussein Armoush diz ter desertado com vários soldados "para unir-se às fileiras das massas exigindo liberdade e democracia".
"Nós juramos nas Forças Armadas direcionar o fogo contra o inimigo, e não contra nosso povo indefeso. Nossa obrigação é proteger os cidadãos, e não matá-los", disse ele no vídeo, cuja autenticidade não pôde ser comprovada de imediato.
Rami Abdulrahman, do Observatório Sírio dos Direitos Humanos, afirmou que moradores de Jisr al-Shughour lhe contaram que o Exército ainda continua avançando na direção da cidade. "Eles podem ouvir o ruído dos disparos. Até o momento não temos informações sobre vítimas", afirmou à Reuters.
Moradores dizem que pelo menos 15 mil soldados e cerca de 40 tanques e veículos de transporte de tropas foram deslocados para as proximidades de Jisr al-Shughour, e que a maior parte da população civil deixou a área.
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Em rota contra Musk, Lula amplia laços com a China e fecha acordo com concorrente da Starlink