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O Exército da Colômbia suspendeu suas operações contra a frente das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) que mantém o jornalista francês Roméo Langlois como refém, enquanto a guerrilha impôs uma condição para sua libertação: abrir um debate sobre o papel da imprensa no conflito armado.

"As operações ofensivas contra a Frente 15 estão suspensas, mas não contra as outras frentes", disse nesta segunda-feira à emissora de rádio "Caracol" o comandante da Divisão de Ataque Aéreo, general Javier Enrique Rey, um dia depois que esse grupo confirmasse que está com Langlois desde o dia 28 de abril.

O repórter foi detido pelas Farc no meio de um combate entre guerrilheiros com policiais e militares, a quem Langlois acompanhava para filmar uma operação de destruição de laboratórios de drogas.

Os fatos ocorreram na área rural de Montañita, no departamento de Caquetá, onde há uma grande presença histórica das Farc.

"Ele estava nos acompanhando em uma interdição e desapareceu por causa dos combates", detalhou o general, destacando a disposição do governo de encontrá-lo e contribuir para sua libertação.

"Não vamos atacá-los porque não sabemos onde o mantêm", acrescentou, ao antecipar que buscam "dar liberdade às ações das organizações internacionais, como a Cruz Vermelha Internacional".

A suspensão das ações militares coincidiu com um novo anúncio da guerrilha, no qual impôs uma condição para a libertação do correspondente do canal "France 24" e do jornal "Le Figaro", um dia depois que informou através do Twitter que isto aconteceria "em breve".

As Farc exigiram um debate sobre o papel da imprensa na Colômbia ao informar sobre o conflito, em comunicado divulgado pela agência "Anncol" e datado do dia 3 de maio.

"Rómeo Langlois vestia roupas militares do Exército regular no meio de um combate. Acreditamos que o mínimo que pode esperar-se para a recuperação de sua plena mobilidade é a abertura de um amplo debate nacional e internacional sobre a liberdade de informar", declarou a guerrilha.

Para o grupo armado, os jornalistas que acompanham o Exército "não cumprem o propósito imparcial de informar sobre a realidade, mas o de manipular", e por isso questionou o que aconteceria se um jornalista, "com saudável critério informativo", estivesse com a guerrilha e fosse capturado pelo Exército após um combate.

A Fundação para a Liberdade de Imprensa (FLIP) organizou hoje um fórum em Bogotá para debater precisamente sobre o jornalismo de guerra na Colômbia, do qual participou o companheiro de Langlois, o italiano Simone Bruno.

Bruno comentou que "o jornalismo tem uma função social na Colômbia, que é costurar as duas Colômbias, as cidades que avançam rumo ao futuro econômico e as regiões que estão na Idade Média".

Também disse que se o jornalista de guerra não conhece as normas do Direito Internacional Humanitário "é difícil exercer a profissão", aspecto ao qual fez referência depois a porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) na Colômbia, María Cristina Rivero, que apelou à "autoproteção" nas zonas de conflito.

Em relação aos fatos que rodearam o sequestro de Langlois, o comandante das Forças Militares, o general Alejandro Navas, deixou claro que o jornalista estava fazendo um trabalho voluntário e que, antes de participar da operação, "assinou um documento onde exonera o Exército de qualquer responsabilidade".

Navas ressaltou que Langlois "não estava uniformizado", apenas usava capacete e um colete à prova de balas.

Porém, o procurador-geral Alejandro Ordóñez proferiu hoje um auto "para que se iniciem as indagações correspondentes e averiguar quem autorizou (a presença do jornalista) e se é verdade que usava roupas militares".

Em Cingapura, o presidente Juan Manuel Santos voltou hoje a pedir a libertação de Langlois: "O governo está disposto a dar todas as facilidades para que essa libertação aconteça o mais rápido possível", disse.

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