Quase tão chocante para o público americano quanto a execução de dois jornalistas durante uma transmissão ao vivo na TV foi o exibicionismo do assassino, que filmou o crime e promoveu as imagens nas redes sociais.
A ação lembra os vídeos de decapitações divulgadas na internet pelo grupo terrorista Estado Islâmico, comparou George W. Foresman, que foi subsecretário de Segurança Interna do governo George W. Bush.
“O objetivo também é instilar medo ou mandar uma mensagem”, disse Foresman ao “Richmon Times-Dispatch”, jornal do estado da Virginia, onde ocorreu o crime.
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Para ele, o assassinato dos jornalistas ressalta o tamanho do desafio imposto pelas novas mídias, que não apenas facilitam a divulgação, mas em alguns casos encorajam atos como o cometido contra os jornalistas. “Elas tornam-se um meio para que pessoas más façam coisas más”, disse ele. “A questão é se ele teria cometido o crime se os jornalistas não estivessem fazendo uma reportagem ao vivo”.
No vídeo de 56 segundos que filmou, Vester Lee Flanagan, 41, parece esperar os jornalistas começarem a transmissão ao vivo para erguer sua pistola e disparar à queima-roupa contra eles e uma entrevistada.
A repórter Alison Parker, 24, e o cinegrafista Adam Ward, 27, morreram no local. A entrevistada, Vicky Gardner, 61, ficou ferida, mas sobreviveu e está em situação estável após passar por cirurgia.
“A matança e as imagens explícitas que ela gerou marcam uma horrível reviravolta na interseção nacional entre vídeo, violência e mídia social”, descreveu o jornal “The New York Times”.
O vídeo do crime foi publicado por Flanagan em sua página no Facebook e chegou a ter milhares de acessos antes de ser apagado pela rede social. O microblog Twitter também apagou as mensagens em que o atirador comenta o crime antes e depois da ação.
Flanagan atuou como repórter da mesma emissora dos jornalistas mortos, WDBJ, da cidade de Roanoke (Virginia). Ele foi demitido em 2013 em termos pouco amigáveis. Segundo a polícia, Flanagan atirou contra si mesmo horas após o crime e morreu em seguida.
Em um fax enviado à TV ABC News cerca de duas horas após o crime, Flanagan afirma que foi vítima de discriminação na emissora da qual foi demitido, por ser negro e gay. Ele citou como uma das fontes de inspiração de seu crime o massacre de fiéis negros por um jovem branco na igreja de Charleston, na Carolina do Norte, em junho deste ano, que deixou nove mortos.