São Paulo – Oito anos de treinamento, oito dias na Estação Espacial Internacional (EEI), oito experimentos científicos e muitos milhões de dólares depois, a saga espacial do primeiro astronauta brasileiro chega hoje ao seu capítulo final. Às 20h56 (horário de Brasília), uma cápsula russa Soyuz deverá cair de pára-quedas no deserto do Casaquistão, trazendo de volta à Terra o tenente coronel Marcos Pontes e outros dois viajantes espaciais. Os acompanhantes não serão os mesmos da ida. Ao lado de Pontes estarão o russo Valery Tokarev e o norte-americano William McArthur, que por seis meses integraram a tripulação da EEI. Eles serão substituídos pelos colegas Pavel Vinogradov e Jeffrey Williams, que subiram ao espaço com o brasileiro e permanecerão em órbita por mais seis meses.

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Até ontem, a missão transcorria de maneira perfeita, sem qualquer incidente. Entrar e sair da atmosfera terrestre, porém, é sempre uma atividade perigosa. Ao contrário da viagem de ida, em que os astronautas permaneceram mais de dois dias imóveis dentro da Soyuz até que ela pudesse se acoplar à EEI, a viagem de volta levará apenas três horas e meia, começando com a separação da estação espacial às 17h25. A cápsula de reentrada cruzará a atmosfera a mais de 20 mil quilômetros por hora, aquecendo o ar ao redor da nave a mais de 1.100°C. Os astronautas no interior serão protegidos por um escudo térmico de materiais sintéticos, projetado para absorver e dispersar o calor. "Ele vai sendo consumido ao longo do trajeto, como se fosse uma pastilha de freio", explica o tecnologista Petrônio Noronha de Souza, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O pouso no deserto, nos arredores da cidade de Arkalyk, será amortecido por um gigantesco pára-quedas. A queda será monitorada por uma equipe russa de resgate, que fará a recuperação dos astronautas. Normalmente, os tripulantes precisam ser retirados em cadeiras de rodas, por causa da fraqueza. McArthur e Tokarev deverão estar especialmente debilitados, depois de seis meses sem sentir o peso da gravidade. Já Pontes, que está há dez dias flutuando (dois na Soyuz e oito na EEI), poderá estar em melhores condições. Os três serão levados imediatamente de helicóptero para um acampamento, onde passarão por uma avaliação médica, e, em seguida, para a cidade de Kustanay, onde participarão de uma cerimônia de encerramento da missão. De lá, pegarão um vôo para a Cidade das Estrelas, nos arredores de Moscou, onde permanecerão em recuperação por uma ou duas semanas.

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