Nas profundezas do Mar Negro descansa uma paisagem repleta de escuridão, que, por muito tempo, arqueólogos acreditaram abrigar inúmeros navios naufragados. E uma expedição de mergulhadores acaba de provar que eles estavam certos: cerca de 40 embarcações dos períodos dos Impérios Otomano e Bizantino foram encontrados por exploradores da região. As informações são do jornal britânico Daily Mail.
A expedição vasculhou as águas do Mar Negro, situado entre o Leste Europeu e a Ásia Ocidental, a uma profundidade de até 1800 metros, utilizando um navio off-shore com alguns dos equipamentos submarinos mais avançados do mundo.
Veja imagens dos navios encontrados pela expedição
Chamado de Projeto Marítimo Arqueológico do Mar Negro (Black Sea MAP), o projeto envolve um time internacional guiado pelo Centro de Arqueologia Marítima da Universidade de Southampton, no Reino Unido. A equipe conseguiu encontrar os navios quase intactos devido à ausência de luz e oxigênio na área analisada. Isso fez com que os micro-organismos - que normalmente corroeriam as embarcações - não conseguissem sobreviver, deixando-as em ótimo estado até hoje.
Entre os destroços encontram-se navios dos Impérios Otomano e Bizantino, que podem fornecer novas informações sobre as sociedades da costa do Mar Negro. Muitas das atividades coloniais e comerciais das antigas Grécia e Roma, eram centrada na região.
De acordo com o Daily Mail, depois de 1453, quando os turcos otomanos ocuparam Constantinopla (e mudaram o nome da cidade para Istambul), o Mar Negro foi praticamente fechado para o comércio exterior. Quase 400 anos depois, em 1856, o Tratado de Paris reabriu mar para o comércio de todas as nações.
Chefe do programa, o professor Jon Adams explicou ao jornal: “Os destroços dos navios são um bônus da nossa pesquisa, uma descoberta fascinante, encontrado durante as explorações geofísicas que realizamos”.
Foco na geografia
Segundo o Daily Mail, o professor Adams esclarece que “o foco principal do projeto é realizar levantamentos geográficos para detectar superfícies terrestres enterradas abaixo do leito do mar atual”. Para isso, a equipe irá recolher amostras do local, caracterizá-las e datá-las, reconstruindo a pré-história do Mar Negro.
A bordo do navio Stril Explorer, os pesquisadores utilizam dois veículos submarinos operados remotamente (ROV). Um deles consegue captar imagens de alta resolução, em 3D, enquanto o outro possui velocidade quatro vezes maior do que a média de veículos similares. Dessa maneia, o segundo - chamado de Surveyor Interceptor - pode carregar luzes e instrumentos geofísicos, enquanto o primeiro faz os registros.
Desde o início do projeto, Surveyor Interceptor estabeleceu novos recordes de profundidade, atingindo 1.800 metros, e de velocidade, chegando a 11 quilômetros por hora.
Colaborou: Cecília Tümler
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