Pesquisadores que misturaram a gripe aviária com vírus de gripes comuns criaram três novas cepas extremamente virulentas, lembrando que os vírus da gripe podem intercambiar genes para criar "filhotes" perigosos.
A experiência, relatada na revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências dos EUA, demonstra que, enquanto o vírus H1N1, da gripe suína, perde força, outras formas de gripe continuam a circular e podem fazer aparições-surpresa.
Uma comissão de especialistas da Organização Mundial da Saúde se reuniu na terça-feira para tentar decidir se a pandemia do H1N1 já chegou ao seu auge. Mas especialistas concordam que a gripe suína pode se alterar, voltar de forma diferente ou se recombinar com outra cepa da gripe.
E o vírus H5N1, da gripe aviária, continua circulando. Ele já contaminou 478 pessoas e matou 286 desde que ressurgiu na Ásia em 2003. Os especialistas temem uma mutação ou recombinação dessa perigosa cepa que facilite seu contágio entre humanos.
Yoshihiro Kawaoka, da Universidade de Wisconsin-Madison e seus colegas misturaram o H5N1 com uma cepa comum do H3N2.
Os pesquisadores ainda não compreendem todos os fatores envolvidos na virulência e facilidade de contágio do vírus. Então a equipe de Kawaoka usou o método de tentativa e erro para intercambiar genes, verificando se seria possível criar uma cepa da gripe com as propriedades letais do H5N1 e a capacidade de transmissão do H3N2.
Eles geraram 254 cepas diferentes e concluíram que uma mutação de uma cepa do H3N2 inicialmente isolada em Tóquio dava ao vírus a capacidade de infectar facilmente as pessoas.
Testes em ratos mostraram que 22 das cepas eram mais patogênicas que o H3N2 sazonal - o que significa que eram mais eficazes em causar a doença. Três eram também mais virulentas - matavam com mais facilidade.
O estudo está disponível no endereço here"Nossos dados demonstram que a recombinação entre um vírus aviário H5N1 com baixa patogenicidade em ratos e um vírus humano podem resultar em vírus altamente patogênicos", escreveram os pesquisadores. "Nossas conclusões salientam a importância de programas de vigilância para monitorar a emergência de vírus humanos H5N1 recombinantes."
O H1N1 é um exemplo dessas alterações. Ele circula de forma intermitente desde a pandemia de 1918, mas sofreu no ano passado uma grande mudança que deu origem à pandemia da gripe suína.