Exploradores encontraram uma série de cavernas decoradas com pinturas budistas antigas, em meio a penhascos íngremes e altíssimos no norte da cordilheira do Himalaia, no Nepal.
Uma equipe internacional de estudiosos, arqueólogos, alpinistas e exploradores examinou pelo menos 12 complexos de cavernas situados a 4.300 metros de altitude perto de Lo Manthang, uma cidade murada medieval do distrito de Mustang, no Nepal, a mais ou menos 125 quilômetros a noroeste de Katmandu.
As cavernas contêm pinturas que podem datar do século 13, além de textos tibetanos gravados com tinta, ouro e prata e fragmentos de cerâmica da era pré-cristã.
"Quem viveu nessas cavernas? Quando essas pessoas estiveram ali, quando as cavernas foram escavadas, e como os moradores chegavam a elas, haja visto que ficam sobre penhascos verticais?", perguntou Broughton Coburn, membro americano da equipe de pesquisadores.
"É um mistério fascinante e maravilhoso."
Exploradores dos Estados Unidos, Itália e Nepal usaram cordas e ferramentas de gelo para escalar os penhascos e chegar até as cavernas, cortando degraus nas paredes dos penhascos.
"Essa descoberta destaca a riqueza da tradição budista tibetana dessa região, que data de quase um milênio atrás, além da beleza artística e do amplo alcance geográfico dos artistas newari", disse Coburn, especialista em conservação e desenvolvimento do Himalaia.
Os newari são nepaleses famosos por sua habilidade em criar pinturas em paredes e outras formas de arte, em sua maioria budistas.
Os complexos de cavernas ficam distantes várias horas de caminhada um do outro. Acredita-se que algumas das câmaras teriam sido usadas para enterros, e há também alguns montículos artificiais que os arqueólogos esperam que possam esconder outros tesouros.
Em cada complexo há cerca de 20 aberturas. Seus muitos andares são interligados por passagens verticais com suportes rudimentares para os pés ou as mãos, de modo que é necessária alguma habilidade alpinista para se movimentar por eles.
O local da descoberta fica ao norte do monte Annapurna, a décima montanha mais alta do mundo.
Coburn disse que os artefatos nunca foram saqueados porque, até recentemente, a região era inacessível.
Os murais de uma das cavernas retratam temas subtropicais, incluindo palmeiras, tecidos indianos ondulantes, pássaros e animais.
"Para o Nepal e para os lobas, o povo do norte de Mustang, o que foi encontrado são tesouros nacionais que precisam ser preservados e protegidos", disse Coburn.
Autoridades governamentais do Nepal se mostraram animadas com a descoberta.
"É uma descoberta muito positiva, e exploradores estrangeiros podem ser autorizados a levar adiante as explorações na região", disse Prakash Darnal, arqueólogo chefe do Ministério da Cultura nepalês.
No momento, poucos estrangeiros são autorizados a visitar a região.