Um carro-bomba explodiu num mercado em um bairro pobre xiita em Bagdá neste sábado, matando 62 pessoas e ferindo 114, segundo fontes da polícia e do ministério do Interior iraquiano. Foi o ataque mais sangrento no Iraque nos últimos três meses.
O atentando aconteceu um dia depois de Osama bin Laden conclamar os seguidores da Al Qaeda a vingar a morte de seu líder do Iraque por soldados norte-americanos.
Por volta do mesmo horário do ataque, uma integrante árabe sunita do parlamento e sete de seus guarda-costas foram sequestrados na cidade.
Segundo a polícia, o bomba explodiu no meio da manhã quando uma patrulha policial passava ao lado do carro estacionado no mercado, no bairro de Sadr City, no leste da capital, uma área com forte presença da milícia Exército Mehdi, do clérigo radical xiita Moqtada al-Sadr.
Uma multidão indignada se reuniu em volta da cena de devastação, num mercado aberto numa das ruas principais do bairro.
- Que Deus amaldiçoe os sunitas - gritou um homem.
- Se o governo não consegue proteger o povo, deveria entregar a segurança para o Exército Mehdi ou para o povo - disse outro aos repórteres.
Foi o pior atentado desde que as forças dos EUA mataram Abu Musab al-Zarqawi, líder da al Qaeda no Iraque, num ataque aéreo em 7 de junho. Numa gravação divulgada na Internet, Bin Laden conclamou os rebeldes a vingarem sua morte, descrevendo o jordaniano como um "leão da Jihad."
Na sexta-feira os Estados Unidos estabeleceram uma recompensa de 5 milhões de dólares pela cabeça do sucessor de Zarqawi, Abu Ayyub al-Masri.
Com o maior número de vítimas fatais desde que 70 pessoas morreram numa mesquita xiita em 7 de abril, o ataque também foi o mais sangrento desde que o primeiro-ministro xiita Nuri al-Maliki formou uma coalizão para o governo há seis semanas.
Maliki deve fazer sua primeira viagem ao exterior neste sábado, partindo para a Arábia Saudita, terra natal de bin Laden, onde pedirá o apoio dos árabes sunitas para um plano de reconciliação nacional divulgado esta semana.
No sábado, o vice-premiê iraquiano, Salam al-Zobaie, reuniu-se com chefes tribais das regiões sunitas e representantes dos grupos rebeldes, afirmou um assessor do vice-premiê sunita à Reuters.
Sangue
Dias depois de Maliki entregar um "ramo de oliveira" à minoria sunita dominante sob o governo de Saddam Hussein, ao divulgar um amplo plano de reconciliação nacional, Sadr disse aos seus seguidores nas preces de sexta-feira que nenhum quarteirão pode ser entregue aos "odiadores de xiitas."
Apesar das negativas de Sadr, seu Exército Mehdi é acusado de envolvimento nos esquadrões da morte e nos sequestros de sunitas numa violência sectária que atingiu seu ápice após o atentado a uma grande mesquita xiita em Samarra, levando o Iraque à beira de uma guerra civil.
Dezenas de pessoas são mortas diariamente só em Bagdá.
Em sua viagem ao exterior, Maliki visitará três países do Golfo governados por monarquias sunitas, em busca de apoio e investimento. Seu predecessor, também muçulmano xiita, irritou os árabes e os Estados Unidos ao visitar o xiita Irã, que não é árabe, em seu primeira viagem no ano passado.