A explosão de uma granada de fragmentação na quarta-feira (4) à noite em Honduras provocou prejuízos nas instalações da emissora de rádio HRN, considerada a principal do país. O ataque na capital Tegucigalpa ocorre em meio à crise política vivida nessa nação da América Central. "Senti como se uma pedra tivesse caído do teto, quicado três vezes e explodido", contou o locutor e operador Alejandro Salgado, que trabalhava no momento do ataque. "Foi um susto horrível e uma impressão indescritível.
O artefato explodiu durante o programa "Tegucigalpa de noite". O jornalista Andrés Torres, diretor da atração, afirmou no ar, logo em seguida, que "explodiu uma bomba". Segundo o jornal local "La Tribuna", Salgado foi o único ferido pelo ataque. O funcionário sofreu lesões nas costas e foi levado a um hospital.
O diário local "La Prensa" afirma, em seu site, que os relatos iniciais apontam que a granada foi lançada de um carro em movimento. O sinal da rádio foi interrompido em seguida. O jornal lembra que houve atentados similares recentes contra outros meios de comunicação, como o diário "El Heraldo" e a Rádio América. Segundo o "La Prensa", esses atos foram "vinculados com a crise política que vive o país".
O jornalista Andrés Torres foi sequestrado em novembro e ficou 21 dias em cativeiro, quando foi liberado após pagamento de resgate. O executivo da Emissoras Unidas José Villeda, da qual a HRN é afiliada, disse que o atentado foi cometido por "setores que nos acusam de golpistas, o que é uma mentira porque esse meio é do povo".
Em outro incidente aparentemente isolado, as duas principais autoridades municipais de La Virtud escaparam ilesos ontem de um ataque com granada e vários tiros. Um homem morreu na ação em La Virtud, a 160 quilômetros ao sul de Tegucigalpa. O prefeito da cidade, Arnulfo Rodríguez, e seu vice, Santos Ramos, saíram ilesos.
Crise
Honduras vive um clima de instabilidade desde o golpe que derrubou o presidente Manuel Zelaya, em 28 de junho. Zelaya foi expulso do país, mas retornou em segredo e, desde 21 de setembro está abrigado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa.
O líder deposto e o governo de facto, liderado por Roberto Micheletti, firmaram um pacto na semana passada para encerrar a crise. O acordo prevê que o Congresso decida sobre a volta de Zelaya ao poder.
Segundo o "La Tribuna", a Corte Suprema recebeu ontem o acordo, enviado pelo Parlamento. Agora, os juízes emitirão um parecer sobre o documento, mas a palavra final sobre o tema será dos deputados.
Caso não retorne ao poder em um governo de unidade, Zelaya ameaça não reconhecer o acordo. Caso o impasse se prolongue ainda mais, pode ameaçar a legitimidade das eleições presidenciais marcadas para 29 de novembro no país.