Duas explosões ocorreram na área externa do aeroporto de Cabul, capital do Afeganistão, no fim da tarde desta quinta-feira (26, fim da manhã no Brasil), horas depois que várias nações alertaram para a ameaça de um ataque iminente no local. O Estado Islâmico reivindicou a autoria dos atentados, em mensagem divulgada pela agência de notícias do grupo terrorista em seus canais de propaganda, noticia a Reuters nesta tarde.
Várias pessoas morreram, mas um número exato do total de vítimas ainda não foi confirmado. A imprensa internacional relata que pelo menos 60 civis afegãos morreram e 140 ficaram feridos nas explosões, citando a estimativa de uma autoridade de saúde do Afeganistão.
O Pentágono afirmou, em uma coletiva de imprensa nesta tarde, que pelo menos 12 militares americanos morreram e outros 15 ficaram feridos nos ataques. O general Kenneth Frank McKenzie, chefe do Comando Central dos EUA, disse não saber precisar o número de afegãos mortos e feridos.
McKenzie informou ainda que cerca de mil americanos continuam no país asiático. "Hoje, temos 5 mil pessoas na rampa esperando voo. Desde 14 de agosto, retiramos mais de 104 mil civis - mais de 66 mil pelos EUA e mais de 37 mil por nossos aliados e parceiros. Assim como disse o secretário de Estado ontem, acreditamos que pouco mais de mil americanos ainda estejam no Afeganistão nesse momento".
Antes desta quinta-feira, a última morte de um militar americano no Afeganistão havia ocorrido em fevereiro de 2020.
A primeira explosão ocorreu no Portão da Abadia, uma das entradas do aeroporto de Cabul. A outra, em hotel chamado Baron, que fica a uma curta distância do portão da Abadia, segundo o secretário de imprensa do Pentágono, John Kirby.
"Confirmamos que membros do serviço americano foram mortos no complexo ataque ao aeroporto de Cabul hoje. Outros ficaram feridos e estão sendo tratados. Nós também sabemos que civis afegãos foram vítimas deste ataque hediondo", disse Kirby.
Jornalistas que estavam no local também relataram que a explosão parece ter ocorrido após tiros serem disparados.
Antes do EI assumir a autoria dos ataques, o Departamento de Defesa dos EUA já tratava o grupo terrorista como principal suspeito dos atentados, que teriam sido realizados pela afiliada do EI no Afeganistão, conhecida como Estado Islâmico de Khorasan (IS-K, na sigla em inglês), e rival do Talibã.
O general McKenzie disse, durante a coletiva de imprensa desta tarde, que a expectativa é de que os ataques do Estado Islâmico continuem.
O Talibã condenou os ataques e disse que eles ocorreram em uma área em que os Estados Unidos eram responsáveis pela segurança.
Relatos
Zakarya Hassani, jornalista afegão, disse à Gazeta do Povo nesta manhã que está sendo difícil receber informações precisas sobre a situação no momento, devido à falta de informações oficiais, causada pelo vácuo de poder.
Hassani, que há nove dias deixou Cabul e está em uma cidade europeia, disse que está recebendo informações de testemunhas e de conhecidos. Ele compartilhou com a reportagem um vídeo que mostra a cena no local após a explosão no aeroporto. As imagens mostram dezenas de corpos e pessoas ensanguentadas em um área alagada que parece um canal, e o desespero de quem tenta ajudar os feridos.
Segundo os relatos que ele recebeu, não havia ambulâncias ou serviços de resgate no local da explosão, que ocorreu próximo ao portão do aeroporto, onde milhares de pessoas têm aguardado por uma chance de serem retiradas do país.
"Uma testemunha me relatou que há troca de tiros dentro e fora do aeroporto. As pessoas estão desesperadas tentando fugir para salvar suas vidas".
O presidente dos EUA, Joe Biden, adiou alguns compromissos de hoje à tarde, inclusive uma reunião com o primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett, para poder acompanhar de perto o desenvolvimento da situação em Cabul. Ele fará um pronunciamento sobre a situação nesta noite.
O primeiro-ministro Boris Johnson também chamou uma reunião para análise de conjuntura. Ele afirmou que, apesar dos ataques, a evacuação no aeroporto de Cabul vai continuar.
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