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Vista aérea das instalações da central nuclear que sofreu uma explosão, em Cordolet, no sul da França | Sebastien Nogier/Reuters
Vista aérea das instalações da central nuclear que sofreu uma explosão, em Cordolet, no sul da França| Foto: Sebastien Nogier/Reuters

Centrais atômicas francesas são antigas

Boa parte do parque nuclear francês foi construída no final dos anos 1970 e nos anos 1980 e é considerada antiga, o que suscita polêmicas sobre os sistemas de segurança dessas instalações.

Em abril, militantes ecologistas chegaram a fazer greve de fome para pedir o fechamento da central nuclear de Fes­sei­­nhein, no leste, a mais antiga do país, em funcionamento desde 1978.

Segundo um estudo da Agên­­cia de Segurança Nuclear (ASN), o número de pequenos incidentes e anomalias nas centrais francesas dobrou nos últimos dez anos.

A ASN informou que em 2010 ocorreram mais de mil incidentes, a grande maioria sem importância. Apenas três foram classificados como de nível 2, que não representa riscos à população.

Após a catástrofe de Fuku­shima, no Japão, em março passado, o primeiro-ministro francês, François Fillon, pediu a realização de uma auditoria nas 19 centrais nucleares do país.

Uma pesquisa divulgada em junho passado revelou que 62% dos franceses são favoráveis ao abandono progressivo da energia nuclear no país. O assunto deverá ser um dos temas da eleição presidencial do próximo ano.

Em um artigo no jornal Libé­ration de ontem, Martine Au­­bry, secretária-geral do Partido Socialista e candidata às primárias do partido para a eleição pre­­sidencial, propõe "uma saída pro­­gressiva, mas efetiva, da Fran­­ça" de seu programa nuclear.

Uma explosão ocorrida em uma central de tratamento de resíduos nucleares na França deixou uma pessoa morta e outras quatro feridas na manhã de ontem. Auto­ridades francesas descartaram a hipótese de vazamento radioativo, mas o acidente renovou a polêmica sobre a segurança nuclear no país – onde 75% da energia elétrica é gerada hoje em usinas nucleares – e o temor de uma tragédia.

O acidente aconteceu na cidade de Cordolet, sul da França, em uma usina da Centraco – filial da companhia elétrica francesa EDF, especializada em descontaminação de usinas nucleares desativadas.

A explosão ocorreu em um forno industrial usado no tratamento de resíduos nucleares de baixa radioatividade. Bombeiros controlaram o fogo e empregados da usina não chegaram a ser retirados do local.

A EDF disse ter iniciado uma investigação e a Comissão de Ener­gia Atômica da França afirmou que não foi detectada "fuga radioativa". A ministra da Eco­logia, Nathalie Kosciuscko-Morizet, prometeu uma "avaliação precisa dos impactos radioativos do acidente".

A França é o maior produtor e consumidor de energia nuclear na Europa, com 58 reatores em atividade, mas a segurança das usinas é sempre alvo de polêmica no país.

Segundo o presidente do Ob­­servatório Nuclear, Stéphane Lhomme, a explosão em Cen­traco mostra que as usinas nucleares francesas não são seguras. "As instalações do país, que datam dos anos 1970 e 1980, estão cada vez mais velhas e não podemos descartar, cedo ou tarde, um acidente como o de Fukushima, no Japão", disse.

A organização ambientalista internacional Greenpeace pediu às autoridades francesas "transparência total e imediata" sobre o ocorrido na usina.

"Isto mostra mais uma vez que a França não aprendeu a lição de Fukushima", considerou o Greenpeace em comunicado.

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