Centrais atômicas francesas são antigas
Boa parte do parque nuclear francês foi construída no final dos anos 1970 e nos anos 1980 e é considerada antiga, o que suscita polêmicas sobre os sistemas de segurança dessas instalações.
Em abril, militantes ecologistas chegaram a fazer greve de fome para pedir o fechamento da central nuclear de Fesseinhein, no leste, a mais antiga do país, em funcionamento desde 1978.
Segundo um estudo da Agência de Segurança Nuclear (ASN), o número de pequenos incidentes e anomalias nas centrais francesas dobrou nos últimos dez anos.
A ASN informou que em 2010 ocorreram mais de mil incidentes, a grande maioria sem importância. Apenas três foram classificados como de nível 2, que não representa riscos à população.
Após a catástrofe de Fukushima, no Japão, em março passado, o primeiro-ministro francês, François Fillon, pediu a realização de uma auditoria nas 19 centrais nucleares do país.
Uma pesquisa divulgada em junho passado revelou que 62% dos franceses são favoráveis ao abandono progressivo da energia nuclear no país. O assunto deverá ser um dos temas da eleição presidencial do próximo ano.
Em um artigo no jornal Libération de ontem, Martine Aubry, secretária-geral do Partido Socialista e candidata às primárias do partido para a eleição presidencial, propõe "uma saída progressiva, mas efetiva, da França" de seu programa nuclear.
Uma explosão ocorrida em uma central de tratamento de resíduos nucleares na França deixou uma pessoa morta e outras quatro feridas na manhã de ontem. Autoridades francesas descartaram a hipótese de vazamento radioativo, mas o acidente renovou a polêmica sobre a segurança nuclear no país onde 75% da energia elétrica é gerada hoje em usinas nucleares e o temor de uma tragédia.
O acidente aconteceu na cidade de Cordolet, sul da França, em uma usina da Centraco filial da companhia elétrica francesa EDF, especializada em descontaminação de usinas nucleares desativadas.
A explosão ocorreu em um forno industrial usado no tratamento de resíduos nucleares de baixa radioatividade. Bombeiros controlaram o fogo e empregados da usina não chegaram a ser retirados do local.
A EDF disse ter iniciado uma investigação e a Comissão de Energia Atômica da França afirmou que não foi detectada "fuga radioativa". A ministra da Ecologia, Nathalie Kosciuscko-Morizet, prometeu uma "avaliação precisa dos impactos radioativos do acidente".
A França é o maior produtor e consumidor de energia nuclear na Europa, com 58 reatores em atividade, mas a segurança das usinas é sempre alvo de polêmica no país.
Segundo o presidente do Observatório Nuclear, Stéphane Lhomme, a explosão em Centraco mostra que as usinas nucleares francesas não são seguras. "As instalações do país, que datam dos anos 1970 e 1980, estão cada vez mais velhas e não podemos descartar, cedo ou tarde, um acidente como o de Fukushima, no Japão", disse.
A organização ambientalista internacional Greenpeace pediu às autoridades francesas "transparência total e imediata" sobre o ocorrido na usina.
"Isto mostra mais uma vez que a França não aprendeu a lição de Fukushima", considerou o Greenpeace em comunicado.
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