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Novos combates na capital iemenita esta semana entre um grupo tribal poderoso e as forças do presidente Ali Abdullah Saleh mataram pelo menos 19 pessoas e abalaram Sanaa com dezenas de explosões e rajadas de tiros, disseram autoridades nesta quarta-feira.

Potências globais vêm pressionando Saleh a assinar um acordo mediado por países do Golfo para encerrar seu governo de três décadas e evitar que se espalhe mais o caos no instável Iêmen, reduto de militantes da Al Qaeda e vizinho do maior exportador de petróleo do mundo, Arábia Saudita.

O Kuweit, membro do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) -- que tentou sem êxito mediar um acordo de transferência do poder --, disse que retirou seus funcionários diplomáticos do Iêmen. O Catar, outro membro do CCG, também suspendeu a maioria de suas operações no Iêmen.

Testemunhas informaram ter ouvido várias explosões, mas que não tinham certeza sobre a causa nem sobre os danos provocados perto do bairro de Hasaba, ponto focal dos combates que na semana passada deixaram pelo menos 115 mortos e empurraram o país para mais perto de uma guerra civil.

"Foram explosões muito fortes. O som era de morteiros ou mísseis. Que Deus nos proteja", disse um morador de Hasaba.

Os enfrentamentos desta semana se deram em três pontos principais do país: os combates na capital, tropas do governo disparando contra manifestantes em Taiz, no sul, e uma batalha com militantes islâmicos e da Al Qaeda na cidade costeira de Zinjibar.

Moradores também relataram combates durante a noite nas proximidades do aeroporto de Sanaa, que foi fechado brevemente na semana passada durante os choques entre as forças de Saleh e adversários vindos da poderosa confederação tribal Hashed, liderada por Sadeq al-Ahmar.

De acordo com o site do Ministério da Defea, 14 soldados morreram durante a noite em enfrentamentos com os homens das tribos.

Médicos disseram à Reuters que pelo menos cinco outras pessoas morreram nos combates recentes, que podem ter entrado em uma nova fase, com algumas tropas em veículos blindados se unindo à oposição, apontando para mais deserções de militares ligados a Saleh.

"Sobrevivência improvável"

Alguns líderes militares se afastaram de Saleh em março, depois de suas tropas terem disparado contra manifestantes que reivindicavam o fim de seu governo. O Iêmen se encontra à beira da ruína financeira; cerca de um terço de seus 23 milhões de habitantes sofrem fome crônica.

A consultoria de risco político Eurasia Group disse em relatório que o desenlace mais provável é que Saleh deixe o poder através de um acordo político que fechará desde uma posição de fraqueza ou que seja expulso do poder por unidades militares que o abandonaram e por líderes tribais.

"É pouco provável que Saleh sobreviva a 2011 como presidente do Iêmen, mas a probabilidade de uma transição administrada está diminuindo, enquanto aumentam as chances de uma tentativa de expulsar Saleh do poder pela força", disse o relatório.

"A saída antecipada de Saleh não resultará em um Estado iemenita funcional que poderá reafirmar o controle sobre o país no curto prazo."

Os parentes próximos do presidente, que controlam as fontes mais lucrativas de receita e ativos do Estado, estão pressionando Saleh a não abrir mão do poder, disse uma fonte diplomática à Reuters.

Um representante da chancelaria de Omã disse à Reuters que as autoridades de seu país estão tentando intensificar os controles sobre a fronteira longa e porosa entre Omã e Iêmen, para brecar qualquer fluxo de refugiados.

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