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Duas explosões seguidas em Beirute, capital do Líbano, ocorridas nesta terça-feira (4) na zona portuária da cidade deixaram mortos e feridos. O impacto foi tão grande que pôde ser sentido em diversas áreas da capital e até no Chipre, ilha mediterrânea situada a cerca de 200 quilômetros de Beirute. O cenário foi de destruição e os moradores da cidade ficaram em pânico. Confira tudo o que se sabe sobre as explosões até agora:
Duas explosões
Ainda que muitos sites de notícias estejam se referindo ao ocorrido como “explosão”, no singular, na verdade o que ocorreu foram duas explosões sucessivas na zona portuária de Beirute, perto da região central da capital libanesa. Houve, primeiro, uma explosão menor, seguida por outra muito maior, com força suficiente para sacudir edifícios por toda a cidade, movimentar carros e espalhar detritos por vários quilômetros.
A segunda explosão alcançou a força de um terremoto de magnitude 3,5, segundo o centro de geociências alemão GFZ. "Minha mãe acordou e ficou desesperada. Ouvimos um barulho que parecia de avião, achei que Israel tinha atacado o país", contou a brasileira Catharina Ghoussein, 23 anos, que mora em Beirute. "Saímos para a sacada para ver a situação dos nossos vizinhos e tinha muita gente na rua. Os animais [de estimação] estavam todos estressados".
Acidente ou ato deliberado?
Ainda não há confirmações oficiais sobre a causa das explosões. A agência de notícias estatal libanesa afirmou que elas foram ocasionadas por um incêndio em um armazém com produtos inflamáveis confiscados nas proximidades do porto da capital, mas não há maiores esclarecimentos até o momento. Os primeiros relatos são de que havia nitrato de amônio armazenado no local.
Foi levantada a hipótese de que as explosões poderiam ter sido causadas por Israel. Isso porque elas ocorreram em meio às crescentes tensões que se desenrolam no Sul do Líbano entre Israel e a organização paramilitar xiita libanesa Hezbollah, que também é apoiada pelo Irã. Ambos, porém, negaram qualquer tipo de participação na tragédia. Sob a condição de anonimato, um funcionário do governo israelense afirmou que o país “não tem nada a ver” com a explosão, informou a agência de notícias Associated Press.
O primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, prometeu que os culpados, quando identificados, serão punidos.
Lembrando que as explosões aconteceram apenas alguns dias antes de o Tribunal Especial do Líbano (STL), com sede na Holanda, emitir seu veredicto no julgamento de quatro homens, todos suspeitos de serem membros do Hezbollah, acusados de participar do assassinato do ex-primeiro-ministro Rafiq Hariri, há 15 anos.
Em 14 de fevereiro de 2005, um atentado com uma caminhonete carregada de explosivos atingiu o comboio de Hariri, matando-o junto de outras 21 pessoas e ferindo mais de 200. O veredicto está previsto para ser emitido na sexta-feira (7).
Mortos e feridos
A todo momento os números de mortos e feridos são atualizados pelas autoridades do Líbano e pela Cruz Vermelha, que trabalha no resgate das vítimas. Na manhã de quarta-feira (4), a confirmação era de mais de 100 mortos e 3 mil feridos. Hospitais da cidade ficaram lotados e chegaram a recusar feridos por falta de capacidade para atendimento. A Cruz Vermelha libanesa afirmou que qualquer ambulância disponível no Norte ou Sul do país e em Bekaa seria enviada à capital do país.
Uma das vítimas fatais foi o secretário-geral do partido Falanges Libanesas, Nizar Najarian, que não resistiu aos ferimentos causados pela explosão, segundo nota de pesar emitida pela própria legenda.
No início da noite desta terça-feira (4), o Itamaraty informou que até o momento não há notícias de cidadãos brasileiros mortos ou gravemente feridos em decorrência do acidente. A embaixada brasileira na capital libanesa fica a cerca de oito quilômetros do local onde ocorreu a explosão.
Ajuda internacional
Outros países já ofereceram ajuda ao Líbano, inclusive Israel. Ministro da Defesa do país, Benny Gantz afirmou em comunicado que “Israel abordou o Líbano pelos canais diplomáticos e de segurança internacional e ofereceu assistência médica e humanitária ao governo libanês”.
Já o Irã informou estar pronto para ajudar o Líbano de qualquer maneira necessária, segundo tuíte do ministro das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif: “Nossos pensamentos e orações estão com o grande e resiliente povo do Líbano. Como sempre, o Irã está totalmente preparado para prestar assistência de qualquer maneira necessária. Mantenha-se forte, Líbano”.
A Casa Branca também informou estar acompanhando de forma minuciosa a situação.