Terroristas suicidas atacaram igrejas e hotéis no Sri Lanka neste domingo de Páscoa (21). A série de explosões, um ataque altamente coordenado que teve como alvo cristãos e estrangeiros, deixou pelo menos 207 mortos, segundo porta-voz da polícia do país. Outras 450 pessoas ficaram feridas.
Nenhum grupo assumiu a responsabilidade pelos ataques. Treze pessoas foram detidas, disse a polícia. Três policiais foram mortos durante uma busca a uma casa na capital, Colombo, enquanto tentavam interrogar um indivíduo sobre os ataques.
Seis explosões quase simultâneas ocorreram na manhã de domingo em três igrejas onde fiéis celebravam a Páscoa e em três hotéis frequentados por turistas estrangeiros. Horas depois, uma explosão em uma pousada matou pelo menos duas pessoas.
Depois de uma oitava explosão perto de um viaduto na área de Dematagoda nos arredores de Colombo, a capital, o porta-voz da polícia Ruwan Gunasekara disse que três policiais morreram quando foram interrogar suspeitos depois de receberem uma pista. Duas explosões ocorreram pouco depois que os policiais entraram em uma casa em Dematagoda.
Ruwan Wijewardene, ministro da Defesa do país, afirmou que os ataques foram feitos por terroristas suicidas. Todas as explosões aconteceram entre 8:45 e 9:30. O ministro da Defesa disse ainda que sete suspeitos ligados às explosões foram presos.
Os ataques foram os atos de violência mais mortais no país desde o fim da guerra civil em 2009. O Sri Lanka é uma nação predominantemente budista, mas também é lar para um número significante de hindus, muçulmanos e cristãos.
Pelo menos 66 pessoas foram mortas em Colombo e 104 na cidade próxima de Negombo, segundo a polícia. Outras 28 pessoas foram mortas na cidade de Batticaloa, no leste do país.
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Estrangeiros entre os mortos
O ministro das Relações Exteriores havia dito mais cedo que pelo menos 27 estrangeiros estavam entre os mortos. A imprensa estatal chinesa relatou que um cidadão chinês morreu nos ataques. Mais cedo, a embaixada da China disse que quatro chineses haviam sido hospitalizados e estavam em condições estáveis. O Ministério das Relações Exteriores de Portugal confirmou que uma vítima era cidadã portuguesa.
O secretário de Estado americano Mike Pompeo afirmou que "vários" americanos estão entre as vítimas. Ele culpou "terroristas radicais" pelos ataques.
Pelo menos 11 dos mortos que estavam no Hospital Nacional de Colombo era estrangeiros, incluindo dois que tinham cidadania dos Estados Unidos e do Reino Unido, disse o ministro das Relações Exteriores do Sri Lanka.
Governo tinha informações sobre possível atentado
O primeiro-ministro Ranil Wickremasinghe disse que os suspeitos são "locais". Ele disse a jornalistas que havia informações sobre um possível atentado no país, mas ele e seu gabinete não foram informados. "A informação estava lá", ele disse em uma coletiva de imprensa. "Essa é uma questão para a qual temos que olhar".
Segundo Wickremesinghe, o governo vai investigar por que as medidas adequadas para impedir os ataques não foram tomadas.
O jornal The New York Times informou que uma alta autoridade policial enviou uma carta em 11 de abril ao alto escalão de segurança do governo com alerta sobre ataques planejados contra igrejas católicas.
A carta menciona uma ameaça feita pelo grupo radical islâmico National Thowheeth Jama’ath, citando fontes de inteligência internacionais.
"Todos os funcionários devem ser instruídos a prestar a máxima atenção a esse relatório e ser extra vigilantes e cuidadosos com relação a localidades VIP e sob sua supervisão, escreveu Priyalal Dassanayake, o vice-inspetor-geral de polícia.
"Investigações altamente confidenciais estão em andamento", acrescentou. Wickremesinghe afirmou que a prioridade do governo é "apreender os terroristas". "O primeiro de tudo é garantir que o terrorismo não levante sua cabeça no Sri Lanka", afirmou.
O governo do Sri Lanka bloqueou o acesso a redes sociais, logo após a série de ataques. A medida é uma tentativa de impedir a disseminação de boatos relativos aos atentados. Um toque de recolher também foi decretado em todo o território até às 6h de segunda (22) e as escolas vão ficar fechadas até no mínimo quarta-feira (24).
O Sri Lanka é um destino popular para turistas e tem sido uma nação geralmente pacífica desde o final de sua longa guerra civil. O país viu um conflito intermitente entre grupos religiosos, mas nunca na escala dos ataques deste domingo.
Toque de recolher
O governo do Sri Lanka impôs um toque de recolher em todo o país a partir das 18h até as 6h (horário local). Lojas estavam fechadas e as ruas estavam desertas na capital.
A SriLankan Airlines disse aos passageiros que viajam para fora do país que eles poderão voar apesar do toque de recolher imposto após os ataques. A companhia disse em comunicado que os passageiros de todas as companhias aéreas que operam no Aeroporto Internacional de Bandaranaike podem acessar o aeroporto mostrando seus bilhetes e passaportes nos postos de controle.
A empresa afirmou ainda que a segurança foi reforçada no aeroporto e aconselhou os passageiros a chegar quatro horas antes de seus voos programados.
Com informações de Folhapress, Estadão Conteúdo e Washington Post.
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