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Maior exportador mundial de combustíveis fósseis até o ano passado, a Rússia deve perder esse posto com uma redução pela metade na sua participação no comércio internacional de petróleo e gás natural até o final da década. A estimativa é de um relatório divulgado pela Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês).
O documento destaca que já existiam pressões nos mercados de energia antes da invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro deste ano, mas suas consequências acirraram o problema.
“A Rússia tem sido de longe o maior exportador mundial de combustíveis fósseis, mas as restrições ao seu fornecimento de gás natural para a Europa e as sanções europeias às importações de petróleo e carvão da Rússia estão cortando uma das principais artérias do comércio global de energia”, destacou a IEA.
“Todos os combustíveis estão sendo afetados, mas os mercados de gás são o epicentro, pois a Rússia busca alavancagem ao expor os consumidores a contas de energia mais altas e escassez de fornecimento”, apontou o relatório da agência.
A IEA salientou que as políticas europeias para interromper ou reduzir as importações de combustíveis fósseis russos estão direcionando as exportações do país para os mercados asiáticos, “mas a Rússia não consegue encontrar mercados para todos os fluxos que anteriormente iam para a Europa”.
Nem mesmo a parceira China será uma substituta à altura, segundo o relatório. “O crescimento da demanda de gás da China diminuirá para 2% ao ano entre 2021 e 2030, em comparação com uma taxa média de crescimento de 12% ao ano desde 2010, refletindo uma política de preferência por energias renováveis e eletrificação ao invés do uso de gás para energia e calor”, ponderou a IEA.
A agência estimou que em 2025 a Rússia produzirá 2 milhões de barris de petróleo por dia a menos e 200 bilhões de metros cúbicos de gás a menos no ano todo do que o registrado em 2021.
“As exportações russas de combustíveis fósseis nunca retornarão – em nenhum dos cenários que projetamos – aos níveis vistos em 2021, e sua participação no petróleo e gás comercializados internacionalmente cairá pela metade até 2030”, estimou a IEA.