Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
ARTE & DESIGN

Exposição traz panorama da arte indiana

“Três Irmãos” (2012), de Atul Dodiya; no alto, “What Does the Vessel Contain That the River Does Not?”, de Subodh Gupta | Masuike,Hiroko//The New York Times
“Três Irmãos” (2012), de Atul Dodiya; no alto, “What Does the Vessel Contain That the River Does Not?”, de Subodh Gupta (Foto: Masuike,Hiroko//The New York Times)

Em 1997, a curadora americana Jane Farver, morta em abril, montou no Queens Museum uma influente exposição intitulada “Vinda da Índia: a Arte Contemporânea da Diáspora Asiática do Sul”.

Foi uma das primeiras mostras desse tipo promovidas nos Estados Unidos. O participante mais velho, Homai Vyarawalla, nasceu em 1913, e o mais jovem, Navin Rawanchaikul, em 1971.

Além da Índia, os países de origem dos artistas incluíam Canadá, Reino Unido, Quênia, Tanzânia e Tailândia.

Agora, quase duas décadas depois, o mesmo museu oferece a exposição sucessora “Depois da Meia-Noite: do Modernismo Indiano à Índia Contemporânea, 1947/1997”. Desta vez, o evento se divide em duas mostras, uma de pintura modernista dos anos 1950 e 1960 e outra de trabalhos de multimídia dos últimos anos.

Contendo trabalhos de apenas oito artistas, a primeira seção, “moderna”, é de longe a mais focada. Todos os artistas eram estudantes ou profissionais jovens em Bombaim (atual Mumbai) na época da independência indiana.

Reunidos no Grupo de Artistas Progressistas, seus interesses eram cosmopolitas. Como eles não deviam nada a nenhum cânone artístico, ocidental ou outro, podiam escolher e combinar suas influências livremente. Todos trabalharam com óleo sobre tela, um suporte em estilo europeu, mas, pelo menos um deles, F. N. Souza, que deu ao grupo seu nome, também pintava com solventes químicos, numa técnica inventada.

Nascido em 1915 e muçulmano, M. F. Husain aplicou um expressionismo de viés cubista a temas religiosos hindus. Todos, mas em especial Tyeb Mehta e Krishen Khanna, foram profundamente afetados pelas tensões políticas da época. Em sua pintura de 1948 “Notícia da Morte de Gandhiji”, Khana mostra uma multidão de cidadãos atônitos lendo jornais. As páginas brancas enchem o quadro, como uma mortalha.

A vulnerabilidade que Mehta, como muçulmano, sentiu na época da partição da Índia nunca o deixou. Ela está por trás de suas imagens de corpos rompidos.

A seção Moderna tem clima de conversa. O mesmo não se aplica à parte contemporânea.

“What Does the Vessel Contain That the River Does Not?” (O que o barco contém que não está contido no rio?) (2014), de Subodh Gupta, é um barco de madeira carregado de artigos necessários para uma vida autossuficiente e parece eficaz. Outras obras, menores, se perdem no todo. De modo geral, essa parte da exposição só é persuasiva quando vista como a soma de suas partes.

Atul Dodiya exibe fotos que alinham atrocidade nazistas, ataques étnicos na Índia e o 11 de Setembro. Para concluir, o artista performático Nikhil Chopra é um arquivo ambulante de tipos culturais. Na pele de um personagem chamado Yog Raj Chitrakar, ele aparece em lugares diversos —Mumbai, Nova York, Havana—como trabalhador braçal, príncipe, soldado e dândi, filmando-se e fazendo desenhos do que o cerca.

Os desenhos estão na seção Moderna e ocupam um espaço nobre no museu, ao longo da rampa que cerca seu grande panorama de Nova York: uma visão da história a partir do céu, abrangente, mas plenamente detalhada, com Jane Farver olhando para baixo, deleitada.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.