Mapa das Malvinas na Casa Rosada| Foto: Marcos Brindicci/Reuters

Pressões internacionais

Decisão do governo argentino enfrenta reação da Europa e Estados Unidos.

Espanha

Anunciou que vai buscar ajuda na União Europeia para pressionar a presidente Cristina Kirchner a negociar com a espanhola Repsol. Deve pedir para governantes da Europa e de outros continentes - além de entidades como o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização Mundial do Comércio (OMC) - para pressionarem a Argentina.

União Europeia

Cancelou reuniões com o comitê Argentina -União Europeia, que debateria aspectos econômicos do bloco com o país. Expressou ainda "sérias preocupações" em relação à nacionalização.

Estados Unidos

Disseram que a nacionalização da YPF pela Argentina representa riscos para os negócios no país. Washington disse esperar que o governo de Kirchner normalize as relações com a comunidade internacional.

Brasil

A mineradora Vale anunciou ontem está reavaliando o projeto de potássio na Argentina, enquanto que a Petrobras disse que estuda aumentar os investimentos na produção de petróleo.

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O governo Cristina Kirch­­ner obteve vitória es­­ma­­­­ga­­dora na madrugada de ontem no Senado, ao conseguir aprovar a lei que expropria 51% da petroleira YPF, subsidiária da espanho­­la Repsol. Dos 70 votos totais, 63 foram a favor da na­­cionaliza­­ção, apenas 3 contra, enquanto 4 senadores se abstiveram de votar. Houve duas ausências.

Entre os 61 discursos de uma jornada de mais de 14 horas, porém, nem tudo foi elogio à medida. Muitos senadores de oposição, mesmo votando a favor, fizeram críticas ao modo como o governo está levando o assunto.

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"Há uma chantagem emocional nesse projeto", disse Norma Morandini (Frente Cívico), que se absteve.

Outra que preferiu não escolher foi Maria Eugenia Estenssoro (Coalición Cívica). "É uma estafa emocional que se está realizando contra os argentinos. Detrás dessa expropriação há várias irregularidades", disse.

O caso mais significativo, porém, é o da União Cívica Radical. O partido é a principal força opositora do peronismo hoje. Ainda assim, nenhum de seus senadores votou contra. Todos, no entanto, em seus discursos, fizeram ressalvas.

Gerardo Morales disse que era "impossível ocultar a realidade e as falências do governo, e nessa convicção viemos com responsabilidade histórica e atual fazer o correto, defender o interesse do povo e a soberania nacional".

O senador radical Ernesto Sanz, uma das principais lideranças do partido, disse que a UCR tem uma "unidade de critérios". "Nossa posição oficial é de que a YPF deve voltar a pertencer ao Estado argentino, assim como estávamos contra na década de 90."

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O projeto de expropriação está agora com os deputados, e deve ser aprovada quarta-feira na Câmara, onde o governo tem ampla maioria.

Espanha

Após a votação no Senado argentino, o vice-ministro espanhol Jesús Gracia afirmou que a Espanha não pretende aplicar retaliações comerciais na Argentina. Ele reconheceu, no entanto, que as relações comerciais entre os dois países não serão as mesmas.

"Não vamos ter a mesma simpatia que tínhamos antes em casos que envolvam a Argentina", afirmou.

Gracia disse ainda que o Brasil pode ajudar a intermediar a relação entre os dois países. "O Brasil é um dos países que mais tem influência na região. Vamos falar com o Brasil, queremos saber sua posição."

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Maioria da população apoia decisão

A expropriação da petrolei­­ra YPF, proposta na semana­­ passada pela presidente­­ da Argentina, Cristina Kirch­­ner, e aprovada ontem pelo Se­­na­­do, tem apoio de 62% dos­ argentinos, segundo uma pesquisa elaborada pela Poliarquia, uma consultoria independente de opinião pública. A nacionalização da companhia foi rejeitada por 31% dos entrevistados, enquanto os indecisos somaram 7%.

No entanto, o controle da YPF possui um respaldo "crítico" dos argentinos, já que 44% dos abordados consideram que os governos de Cristina e de seu marido, o ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007), são os responsáveis pela queda da produção de gás e petróleo do país. Uma proporção inferior dos entrevistados pelo instituto, de 36%, acredita que a culpa é da iniciativa privada.

A pesquisa da Poliarquia sustenta que 49% dos entrevistados consideram que a expropriação terá um impacto positivo na economia argentina, enquanto 31% acreditam que o efeito será negativo. Mas 47% dos pesquisados admitem que a estatização da empresa, à revelia da Repsol, provoca uma imagem negativa da Argentina no exterior.