BRUXELAS - Grupos de extrema-direita de toda a Europa estão apostando nos tumultos da França para conquistar votos e para exigir que os governos combatam a imigração com leis mais duras.

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Alguns deles tratam os episódios de violência como as sementes de uma guerra civil étnica, ou aproveitam o medo do radicalismo islâmico para afirmar que o baderneiro de hoje pode ser o homem-bomba de amanhã.

- Os tumultos são terreno fértil para a extrema-direita - disse Thierry Balzacq, analista especializado nas áreas de segurança e imigração do Centro para Estudos sobre Políticas Européias, em Bruxelas, sobre os protestos violentos nas cidades francesas.

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- Isso dá a eles vantagem junto aos indecisos, aqueles que estão perto de votar na extrema-direita. E sabemos que as democracias européias estão cheias desse tipo de eleitor - acrescentou.

Os governos, por sua vez, parecem estar tentados a adotar medidas que agradariam os eleitores de direita em potencial. Os críticos acreditam que essa foi a motivação do ministro do Interior da França, Nicolas Sarkozy, que pediu a expulsão dos estrangeiros que participarem dos tumultos.

Os tumultos da França começaram há duas semanas, com a morte de dois jovens descendentes de africanos que estariam fugindo da polícia e acabaram eletrocutados por acidente. A violência chamou a atenção para a frustração das comunidades pobres da França, principalmente os jovens filhos de imigrantes árabes e africanos, que se sentem marginalizados.

O l!der antiimigração Jean-Marie Le Pen declarou ao jornal "Le Figaro" que a reação do presidente Jacques Chirac foi "patética" e lembrou que vinha alertando havia anos sobre as conseqüências da "imigração em massa, da corrupção moral dos líderes do país, da desintegração do país e da injustiça social". Para ele, a situação avançapara o que "podem ser os primeiros sinais de uma guerra civil".

A solução, disse Le Pen,é clara: o fim da imigração, leis mais duras para garantir a nacionalidade e uma política de segurança de tolerância zero, que poderia envolver o Exército.

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Os temores de que a violência se alastre pela Europa mostraram-se infundados por enquanto, já que só houve casos isolados na Alemanha e na Bélgica. Mas direitistas de todo o continente lembram que a lição a ser aprendida com a França é clara.

Esses episódios não aconteceram por acaso, mas são conseqüência direta de vários governos socialistas que favoreceram a imigração indiscriminada - disse Giacomo Stucchi, do partido Liga do Norte, contrário à imigração.

O NPD alemão, que no ano passado ganhou as manchetes ao conquistar cadeiras em um estado do leste do país, disse que os tumultos demonstram o fracasso da tentativa de criar uma Europa multicultural.

- O NPD deseja aos estrangeiros uma boa viagem de volta para casa- disse o partido em sua página eletrônica.

Na Holanda, ainda traumatizada pelo assassinato, no ano passado, do cineasta Theo van Gogh, que criticava o islamismo, o ativista antiimigração Geert Wilders pediu na segunda-feira o fim da imigração de "estrangeiros não-ocidentais".

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Pia Kjaersgaard, líder do Partido do Povo Dinamarquês, foi mais longe e afirmou esta semana que os tumultos na França são equivalentes ao terrorismo. As campanhas da direita repetiram-se também na Bélgica, na Áustria e até na Rússia.