O Facebook negou na terça-feira as acusações de um ex-editor de notícias de que a empresa excluía da rede social artigos escritos por ou sobre políticos conservadores.
“Recebemos estes relatos com extrema seriedade e não encontramos evidências de que as acusações anônimas sejam verdadeiras”, escreveu Tom Stocky, vice-presidente de análise do Facebook, que supervisiona a equipe responsável por administrar os Trending Topics.
O site de notícias tecnológicas Gizmodo relatou na segunda-feira que um ex-editor do gigante das redes sociais denunciou que artigos de fontes politicamente conservadoras - principalmente aqueles que tratavam de temas conservadores - eram omitidos deliberadamente da seção “trending news”, que destaca as histórias mais populares.
“Cheguei ao meu turno e descobri que a CPAC (Conservative Political Action Conference), ou o (ex-candidato presidencial) Mitt Romney ou o (locutor de rádio) Glenn Beck, ou temas conservadores populares não seriam tendência porque o editor não reconheceu os tópicos ou porque tinha um viés contrário”, indicou uma fonte anônima ao Gizmodo.
A acusação provocou um forte debate na mídia americana e na própria rede social, que conta com cerca de 1,6 bilhão de usuários no mundo todo.
Mas o Facebook, sediado no Vale do Silício (Califórnia), um ator dominante no mundo das redes sociais, negou ter um viés anticonservador.
A empresa ressaltou que a popularidade das notícias é determinada por um algoritmo, depois é auditada - nunca manipulada - por membros da equipe de revisão para confirmar que os temas são de fato tendências.
“Há diretrizes rigorosas para que a equipe de revisão garanta consistência e neutralidade. Essas diretrizes não permitem a supressão de perspectivas políticas, nem a priorização de um ponto de vista sobre outro”, disse Stocky.
Em uma mensagem publicada na rede social, assegurou que sua equipe estava submetida a “rigorosas regras (...) para assegurar a coerência e a neutralidade” do tema.
“O trabalho dos nossos editores é registrado e verificado, e a violação dessas regras podem ser motivo de demissão”, acrescentou.
A rede sob críticas
As acusações desencadearam um duro debate na mídia americana e na própria rede social, que soma 1,6 bilhão de usuários no mundo.
The New York Post dedicou inclusiva a sua primeira página para o tema nesta terça: “Você não irá ler isso no Facebook. O site censura as informações”.
“Eu me pergunto se a sondagem da Universidade de Quinnipiac que coloca (Donald) Trump cabeça a cabeça com Hillary (Clinton) na Flórida, Ohio e Pensilvânia é uma tendência no Facebook”, ironizou no Twitter Ari Fleischer, porta voz da Casa Branca durante a presidência de George W. Bush.
O Congresso entrou na polêmica também na terça quando o presidente republicano do Comitê do Comércio, Ciência e Transporte do Senado, John Thune, enviou uma carta ao direto executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, para pedir explicações.
“Qualquer tentativa por parte de uma rede social neutra e aberta de censurar ou manipular o debate político é um abuso de confiança e não corresponde com os valores de uma internet aberta”, escreveu o senador da Dakota do Sul.
Para Joel Kaplan, decano associado a Newhouse School da Universidade de Siracusa, “Facebook é uma empresa privada que pode fazer o que quiser. Se quiser destacar um tema ou um ponto de vista, está em seu direito, como está da Fox News ou do New York Times”.
“Também acredito que é bom que qualquer meio ou selecionador de conteúdo insista em um tema que pensa que é importante”, conclui.
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