As falências do californiano Silicon Valley Bank (SVB), focado em financiamento de startups e cuja quebra é a maior de uma instituição financeira nos Estados Unidos desde 2008, e do nova-iorquino Signature Bank levam turbulência aos mercados, e autoridades americanas e da União Europeia se apressaram a negar uma crise e alegar que o sistema bancário nesses dois locais está seguro.
A Gazeta do Povo resume os pontos essenciais sobre tudo o que se sabe sobre esse assunto até o momento:
O que aconteceu?
O SVB anunciou na última quarta-feira (8) que estava buscando uma ampliação de capital para tentar lidar com dificuldades financeiras que o levaram a alienar investimentos no valor de cerca de US$ 21 bilhões, com um prejuízo de cerca de US$ 1,8 bilhão.
Esse anúncio levou muitos clientes a uma corrida para sacar seus recursos, e reguladores tiveram que fechar o banco na sexta-feira (10) devido à falta de liquidez. O preço das ações da instituição tombou, o que, por sua vez, afetou o setor bancário nos Estados Unidos e em outros países.
O Signature Bank, uma instituição financeira com sede no estado de Nova York voltada a empréstimos imobiliários que recentemente também começou a prestar serviços na indústria de criptomoedas, foi fechado pelas autoridades estaduais no domingo (12), após o colapso do SVB.
O Departamento do Tesouro, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) e a Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC) anunciaram no domingo que os clientes teriam acesso a partir desta segunda-feira (13) a todo o dinheiro depositado no SVB e prometeram um plano semelhante para o Signature Bank.
Repercussão no mercado
Segundo informações da agência Reuters, os principais bancos dos Estados Unidos perderam mais de US$ 70 bilhões em valor de mercado nesta segunda-feira, o que elevou sua perda total nos últimos três dias para cerca de US$ 170 bilhões.
A falência do SVB provocou quedas nas cotações dos maiores bancos europeus nas primeiras horas de negociação, apesar da intervenção do governo dos Estados Unidos e do Fed para garantir os depósitos, arrastando para baixo os índices das principais bolsas da Europa.
O índice bancário europeu STOXX fechou em queda de 5,7%. A Reuters destacou as quedas nas ações do Commerzbank, da Alemanha, de 12,7%, e do Credit Suisse, de 9,6%.
Repercussão política
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tentou nesta segunda-feira tranquilizar os correntistas americanos, alegando que o sistema bancário do país “é seguro” e garantindo que os clientes dos bancos SVB e Signature Bank receberão seus depósitos.
“Os americanos podem confiar que o sistema bancário é seguro (...). Em minha administração, nada e ninguém está acima da lei”, acrescentou.
Biden disse que os gestores dos dois bancos “serão demitidos” e enfatizou, como os reguladores haviam dito no dia anterior, que os acionistas não serão protegidos.
“Se a FDIC assumir o banco, as pessoas que o dirigem não devem mais trabalhar lá (...). Os investidores não serão protegidos. Eles assumiram conscientemente um risco, e quando o risco falha, os investidores perdem seu dinheiro. É assim que o capitalismo funciona”, declarou.
O pronunciamento do presidente americano teve como objetivo dissipar os fantasmas da crise financeira de 2008.
“Devemos reduzir o risco de que isso volte a acontecer”, enfatizou, argumentando que, no governo de Barack Obama (2009-2017), no qual ele era o vice-presidente, foram feitas “duras exigências” ao setor bancário que acabaram recuadas na administração seguinte, de Donald Trump (2017-2021). Como resultado, ele disse que pedirá ao Congresso e aos órgãos reguladores que reforcem as regras.
“O resultado final é o seguinte: nosso sistema bancário é seguro. Seus depósitos são seguros. Faremos o que temos que fazer”, acrescentou Biden, deixando claro que o dinheiro para cobrir perdas no SVB e no Signature Bank virá das taxas que os bancos pagam para a FDIC.
Já o comissário de Economia europeu, Paolo Gentiloni, descartou nesta segunda-feira que a falência do SVB nos Estados Unidos tenha um “risco real de contágio” sobre os bancos da Europa, embora tenha ressaltado que a Comissão Europeia está “monitorando” os acontecimentos em contato “próximo” com o Banco Central Europeu.
“Não creio que haja um risco real de contágio no momento para a Europa”, afirmou o ex-primeiro-ministro italiano em declarações à imprensa antes de participar de uma reunião de ministros das Finanças da zona do euro.
Questionado sobre as quedas da cotação dos bancos nas principais bolsas europeias, o comissário de Economia declarou que “era previsível um impacto na remuneração dos bancos”, mas, frisou, “isso é uma coisa e analisar um risco de contágio real é algo diferente”.
Moraes retira sigilo de inquérito que indiciou Bolsonaro e mais 36
Juristas dizem ao STF que mudança no Marco Civil da Internet deveria partir do Congresso
Quebra de sigilo de relatório da PF coloca Bolsonaro à beira do abismo; acompanhe o Sem Rodeios
Boicote do Carrefour gera reação do Congresso e frustra expectativas para acordo Mercosul-UE