Uma editora cancelou a publicação das memórias da Segunda Guerra do escritor Herman Rosenblat depois que foi descoberto que a "história de amor" que ele contava no livro não era verdadeira.
A Berkley Books, selo do grupo Penguin, disse que cancelou a publicação de "Angel at the Fence, The True Story of a Love that Survived" ("O anjo na cerca, a história real de um amor que sobreviveu", em tradução livre), depois de ter recebido novas informações de Andrea Hurst, agente de Rosenblat.
Rosenblat, de 79 anos, apareceu duas vezes no programa de TV de Oprah Winfrey para promover o livro, no qual descreve como supostamente encontrou sua futura mulher quando ela lançou comida para ele através da cerca de um campo de concentração na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. A apresentadora disse, no ar, que era "a história de amor mais inspiradora" já mostrada pelo programa.
"A Berkley vai pedir ao autor e à agente que eles devolvam todo o dinheiro recebido pelo trabalho", disse Craig Burke, porta-voz da editora, em um comunicado. Ele se recusou a dar mais informações.
"Eu queria levar felicidade às pessoas", explicou Rosenblat em um comunicado divulgado no sábado por meio de sua agente. "Eu trouxe esperança a muitas pessoas. Minha motivação era fazer o bem neste mundo."
O conteúdo da biografia, que deveria ser publicada em fevereiro de 2009, foi contestado por vários estudiosos, em um artigo na "The New Republic". Amigos e parentes do casal também negaram a veracidade da história.
Rosenblat, um aposentado que atualmente mora em North Miami Beach, na Flórida, disse ter encontrado sua mulher quando era um jovem prisioneiro no campo de Schlieben, e que ela atirava maçãs e pães para ele através da cerca.
Depois da guerra, ele se mudou para Nova York e, segundo seu relato, encontrou por acaso a imigrante polonesa Roma Radzicki, que seria ninguém menos que a sua benfeitora. Eles se apaixonaram e casaram-se logo em seguida.
Contudo, os acadêmicos disseram que os fatos não poderiam ter ocorrido assim, pois a descrição do campo feita pelo autor não correspondia à realidade, e teria sido impossível jogar comida pela cerca.
A historiadora Deborah Lipstadt, professora da Universidade Emory, em Atlanta, afirmou que a história contrariou alguns outros sobreviventes do nazismo e que também poderia servir de argumento para grupos que negam que o Holocausto tenha existido.