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Trabalhadores da TotalEnergies e Esso ExxonMobil liberam bomba de fumaça colorida durante um protesto convocado pelo sindicato CGT do lado de fora da refinaria TotalEnergies em La Mede, Chateau Neuf les Martigues, França, 11 de outubro de 2022.
Trabalhadores da TotalEnergies e Esso ExxonMobil liberam bomba de fumaça colorida durante um protesto convocado pelo sindicato CGT do lado de fora da refinaria TotalEnergies em La Mede, Chateau Neuf les Martigues, França, 11 de outubro de 2022.| Foto: EFE/EPA/GUILLAUME HORCAJUELO

As longas filas em postos de combustíveis por toda a França são consequência da greve nas refinarias e nos postos de gasolina, cujos trabalhadores exigem aumentos salariais. Cerca de 60% da capacidade de refino foi afetada e falta combustível em um terço da França. As paralisações impactam os mercados europeus em um momento de escassez global de energia.

Apesar da pressão das autoridades, os principais sindicatos retomaram as greves nesta terça-feira (11) em estabelecimentos da TotalEnergies, incluindo sua principal refinaria em Le Havre (no norte do país), e em duas refinarias da concorrente Esso-ExxonMobil.

Após ameaçar intervir caso a situação não normalizasse, o governo se manifestou novamente. A primeira-ministra do país, Élisabeth Borne, anunciou a convocação de pessoal para a liberação dos depósitos de combustível do grupo Esso-Exxonmobil, que propôs um acordo salarial na segunda-feira (10), de aumento salarial de 6,5% em 2023, acompanhado de uma série de bônus - uma proposta recusada pelos grevistas dos sindicatos CGT e FO.

“Os anúncios da administração são significativos. Por isso, pedi aos prefeitos que iniciassem, conforme permitido por lei, o procedimento de convocação do pessoal essencial ao funcionamento dos depósitos da empresa", declarou Borne.

Comentando a situação no outro grupo petrolífero afetado pelos movimentos grevistas, a TotalEnergies, a premiê exortou a gestão e os sindicatos a se envolverem nas negociações salariais.

O sindicato da CGT, que convocou a greve na Total, exige um aumento salarial de 10% ainda em 2022 - 7% pela inflação e 3% pela distribuição de riqueza-, mas a direção da empresa disse, inicialmente, estar aberta a negociar apenas o salário de 2023.

Os grevistas conseguiram fazer com que o grupo petrolífero concordasse em adiantar a negociação salarial para novembro, mas com a condição do fim da greve, o que os trabalhadores consideraram "uma chantagem".

"O diálogo social é sempre mais frutífero do que o conflito”, disse a primeira-ministra. "Na falta disso, o governo agirá, novamente, para desbloquear a situação", acrescentou.

"Paralisar não é uma forma de negociar", opinou o presidente Emmanuel Macron, ao "chamar a todos - empresas e sindicatos - à responsabilidade e à rápida conclusão das negociações" para acabar com as greves.

A crise aumenta as críticas por parte da oposição à gestão de Macron. A direita acusa a "falta de antecipação" em relação às anteriores ameaças de greve e pede ações rápidas do governo, enquanto a extrema esquerda critica as "ameaças aos trabalhadores" e as "carícias aos patrões".

Riscos ao setor de alimentos 

O Canal Logístico do Frio (tradução livre para La Chaîne Logistique du Froid), uma associação que reúne 120 empresas de transporte refrigerado, alertou nesta terça-feira contra "interrupções na entrega de produtos alimentícios para os franceses" se a escassez de combustível devido às greves persistir. “Os bloqueios de refinarias de petróleo estão confrontando as empresas que transportam alimentos perecíveis", destacou o grupo em comunicado à imprensa.

Segundo a associação, que afirma federar 120 empresas com um total de 50 mil trabalhadores e cerca de 100 mil caminhões frigoríficos, “entre os transportadores que têm cisternas, as reservas disponíveis são, em alguns casos, inferiores a uma semana”.

“A maioria dos profissionais tem produtos para apenas três ou quatro dias”, destacou Jean-Marc Rivera, delegado geral da Organização dos Transportadores Rodoviários Europeus (OTRE), ao jornal francês Le Figaro.

Profissionais afetados pela falta de combustível 

"Não consegui encontrar combustível hoje para ir trabalhar, mesmo depois de ficar três horas na fila. Também tive que desmarcar a viagem de visita a meus pais no fim de semana, sendo que eles precisam da minha ajuda", desabafou Émilie Dupas, enfermeira de Bron, na região dos Rhône-Alpes, à Gazeta do Povo.

A situação é parecida com Gilles Thimonier, de Lyon. "Essa crise não é apenas de combustível. Afeta o trabalho de todos, nas mais diversas áreas. É um caos e não sei quando as coisas vão voltar ao normal", descreveu o advogado francês.

Cerca de 30% dos postos de gasolina do país encontram dificuldades de abastecimento, sendo que em algumas regiões a escassez de combustível afeta quase 60% dos estabelecimentos, segundo o Ministério da Transição Energética.

O automóvel continua sendo um dos principais meios de transporte nas mais diversas áreas profissionais. Em 2017, três quartos dos 24,6 milhões de trabalhadores entrevistados pelo governo disseram se locomover com esse tipo de veículo.

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