A falta de uma motivação aparente e a precariedade das provas apresentadas levaram à absolvição da norte-americana Amanda Knox no processo em que ela era acusada de assassinar a britânica com quem dividia apartamento na Itália, disse na quinta-feira o tribunal que julgou o caso.
Knox, de 24 anos, foi inocentada e libertada em outubro por decisão de um tribunal de recursos. O crime aconteceu em 2007, na cidade de Perugia, onde ela e a vítima Meredith Kercher estudavam. O corpo da britânica, então com 21 anos, foi encontrado seminu, no quarto dela, com mais de 40 lesões e um corte profundo na garganta.
O ex-namorado italiano de Knox, Raffaele Sollecito, também foi absolvido, ao passo que o marfinense Rudy Guede, sem ocupação definida, foi condenado a 16 anos de prisão num julgamento à parte - embora os promotores dissessem que ele não poderia ter matado Kercher sozinho.
Em um documento de 144 páginas, o tribunal de Perugia explicou suas razões para a absolvição, conforme é praxe na Justiça italiana. O relatório disse que as provas forenses usadas na condenação inicial não eram confiáveis, e não permitiam concluir que Knox e Sollecito haviam estado no apartamento na noite do crime - algo que eles sempre alegaram.
"Os tijolos daquele prédio cederam", disse o documento. "Não se trata só de remontar os tijolos (...), e sim de que falta o material necessário à construção."
O texto diz também que houve falhas na coleta de material submetido a exame de DNA, que nenhuma motivação para o crime pôde ser encontrada, e que aparentemente os réus não conheciam Guede.
"A repentina escolha de dois jovens, bons e solícitos com os outros, de cometerem o mal só pelo mal, sem qualquer outra razão, parece ainda mais incompreensível em se tratando de ajudar o ato criminal de um jovem com quem eles não tinham qualquer relação", afirma o relatório.
Knox, que chegou a ser condenada a 26 anos de prisão, voltou aos EUA tratada como celebridade, e agora cogita escrever um livro. A promotoria ainda pretende recorrer da absolvição junto à Corte de Cassação, principal tribunal de recursos da Itália, que no entanto só pode revisar eventuais erros técnicos de instâncias inferiores.