A família do presidente deposto do Egito, Mohamed Mursi, disse nesta segunda-feira (22) que entraria com uma ação legal contra o Exército por sequestrá-lo. Mursi é mantido em uma instalação militar não revelada desde que o Exército o depôs em 3 de julho e suspendeu a Constituição no rastro de gigantescos protestos de rua contra seu governo de um ano.
O Exército diz que Mursi está detido para a sua própria segurança. Sua detenção e as prisões de vários membros importantes de seu grupo, a Irmandade Muçulmana, aumentaram os temores de uma repressão ampla. A Irmandade foi banida durante os 30 anos de regime autocrático de Hosni Mubarak, até que ele foi deposto por protestos populares em 2011.
"Não há nenhuma base legal ou constitucional... para deter alguém que não foi acusado de um crime para a sua própria segurança", afirmou o filho de Mursi, Osama, em uma coletiva de imprensa.
Ele disse que a família tomaria uma ação legal imediata dentro do Egito e em nível internacional contra Abdel Fattah al-Sisi, o comandante do Exército e ministro da Defesa que desempenhou papel central ao forçar Mursi a deixar o cargo. Após a derrubada do presidente islâmico, Sisi foi nomeado vice-premier.
A Irmandade Muçulmana acusa o Exército de orquestrar um golpe que provocou confrontos violentos e expôs profundas fissuras na nação mais populosa do mundo árabe, pivô estratégico entre o Oriente Médio e o Norte da África. A organização islâmica disse que não teve contato com Mursi desde que ele foi deposto, e que acredita que ele não teve acesso a um advogado. Osama afirmou que a família também não foi capaz de entrar em contato com ele e não tinha informações sobre o estado de sua saúde ou sobre onde ele estava sendo mantido.
Ele descreveu a derrubada de Mursi como "nada menos do que a abdução da vontade do povo e de toda a nação".
Partidários de Mursi continuam protestos
Os simpatizantes de Mursi estão mantendo uma vigília em um subúrbio do Cairo, agora em sua terceira semana. Eles dizem que continuarão ali até que Mursi seja reempossado. Alguns milhares de partidários protestaram em frente ao Supremo Tribunal no centro do Cairo nesta segunda-feira. As Forças Armadas instalaram um gabinete interino e prometeram novas eleições sob uma Constituição que agora está sendo reformada para substituir uma esboçada no ano passado por um órgão dominado por islâmicos e aprovada apesar das objeções de cristãos e liberais.
O gabinete do promotor público do Egito lançou uma investigação criminal contra Mursi em 13 de julho, dizendo que estava examinando acusações que incluíam espionagem e incitação à violência. Não disse quem tinha entrado com as queixas. Não foram feitas acusações formais.