Bogotá Familiares de seqüestrados reiteraram os apelos ontem às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) que libertaram dois policiais para que soltem os reféns doentes e entreguem o corpo do major Julián Ernesto Guevara, que morreu em poder dos rebeldes.
A presidente da Associação de Familiares de Uniformizados Seqüestrados, Marleny Orjuela, agradeceu às Farc pela libertação dos dois militares, mas reivindicou a entrega do corpo do major "como um gesto de humanidade com a família Guevara". Os policiais Eder Luis Almanza Patrón e Carlos Alberto Legarda, seqüestrados há quatro meses, foram entregues no sábado ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), nas matas do sul do país, próximo ao Equador.
Guevara foi seqüestrado em novembro de 1998 durante um ataque das Farc a Mitú, capital de Vaupés, que faz fronteira com o Brasil. O major fazia parte de um grupo de 34 oficiais e suboficiais da Polícia, 22 políticos e três cidadãos dos Estados Unidos mantidos como reféns para serem utilizados como moeda de troca.
As Farc, mais antiga e numerosa organização rebelde da Colômbia, pretendem trocar os 59 seqüestrados, alguns deles em cativeiro há quase oito anos, em troca de 500 guerrilheiros detidos em prisões do país e dois extraditados aos Estados Unidos.
Um comitê formado pelos Governos de Espanha, França e Suíça vem buscando um acordo que permita a libertação dos seqüestrados. Contudo, ainda há muitas divergências entre as partes para se chegar a um acordo. As Farc exigem a desmilitarização de duas localidades do sudoeste do país, pedido negado pelo presidente Álvaro Uribe. Após ser informado da libertação dos policiais, Uribe disse que o governo agradece a discreta e eficaz tarefa da CICV, e afirmou que o comitê demonstra que, para libertar seqüestrados, não é necessário uma área desmilitarizada.
O candidato presidencial Alvaro Leyva disse ontem que, para que o CICV atue, as partes devem dar sua autorização, e por isso "Uribe não foi exato quando diz que não é preciso uma área desmilitarizada".