As famílias dos brasileiros Rafael Max Dias e Jefferson Castro Lima, que foram queimados vivos nesta semana na cidade de San Matias, na Bolívia (próximo à fronteira com o Mato Grosso), analisam a possibilidade de processar o governo boliviano. O advogado dos parentes, Fernando Mello, informou nesta sexta-feira (17) que os corpos já chegaram em Mato Grosso e o sepultamento deve ocorrer neste final de semana na cidade de Tangará da Serra (MT).
Eles eram suspeitos de triplo homicídio, e foram detidos pela polícia local para averiguação. No entanto, de acordo com informações do advogado, cerca de 300 moradores retiraram eles à força do local, jogaram gasolina e atearam fogo.
"Ainda não foram definidas estratégias sobre isso, mas o que a gente pode dizer é que eles não estavam em flagrante, foram detidos para averiguação, e por isso estavam sim sob responsabilidade do governo boliviano. No nosso entendimento, há esta responsabilização sim. Mas precisamos de documentos oficiais. Eles chegaram a prestar depoimento à policia boliviana, precisamos pegar todos estes documentos", disse o advogado.
De acordo com Mello, o consulado brasileiro na Bolívia se comprometeu a enviar os documentos na próxima segunda-feira. Ele ressaltou que, antes de morrer, Rafael e Jefferson foram espancados e linchados pela população.
"A informação que se tem é que alguns homens estavam levando eles para um campo, para serem assassinados. Aí chegou uma pessoa e jogou a gasolina nos dois, e outro indivíduo ateou fogo. Eles foram queimados em frente à delegacia".
De acordo com o advogado das vítimas, Rafael tinha passagem pela polícia por homicídio, e estava em condicional, e Jefferson por tráfico de drogas.
Embaixada cobra investigação do governo boliviano
Na quinta-feira, o governo brasileiro determinou que a Embaixada do Brasil em La Paz cobre das autoridades bolivianas a investigação da mortes dos brasileiros. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores diz que o governo brasileiro recebeu a notícia dos assassinatos "com consternação" e que irá tomar medidas para evitar novos casos como esse. Além de cobrar respostas das autoridades bolivianas, o Brasil vai enviar uma missão à cidade onde ocorreram os assassinatos.
"O Consulado-Geral em Santa Cruz de la Sierra foi instruído a organizar visita de agentes consulares e policiais brasileiros à localidade, com vistas a colher informações detalhadas sobre o incidente, acompanhar o início das diligências policiais e prestar assistência consular às famílias das vítimas".