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As autoridades hondurenhas deram início nesta quinta-feira ao processo de liberação dos corpos dos 355 mortos no incêndio da colônia Agrícola Penal de Comayagua.

Um dos sobreviventes da tragédia é um brasileiro, declarou à Agência Efe um dos investigadores do caso, Roberto Ramírez, que não soube identificá-lo.

Parentes das vítimas disseram que a tragédia foi um "ato criminoso", e culparam os guardas e o diretor do presídio. Alguns dos familiares disseram à Efe no Instituto Médico Legal da capital Tegucigalpa que não acreditam na hipótese levantada pelas autoridades de que o incêndio começou com um curto-circuito ou após a queima de um colchão.

"O que houve na prisão de Comayagua foi um ato criminoso. Esse negócio de que alguém colocou fogo em um colchão nem um tolo acredita, porque não seria suficiente para queimar tantas pessoas", disse Nelly Baca, que carregava uma foto de seu primo Juan Carlos Baca Ortiz, de 22 anos, um dos detentos mortos.

Segundo o porta-voz do Ministério Público do país centro-americano, Melvin Duarte, os primeiros quatro corpos já foram entregues a familiares para a realização de cerimônias fúnebres. Duarte também disse que legistas hondurenhos, chilenos, mexicanos e salvadorenhos trabalham na identificação das vítimas da pior tragédia ocorrida no sistema penitenciário de Honduras.

Uma grande quantidade de parentes se concentram nas cercanias do Instituto Médico Legal à espera de informações sobre presos que estavam no presídio quando aconteceu a tragédia, entre a noite de terça-feira e a madrugada da quarta-feira. O fogo destruiu totalmente um setor do centro penal, que fica a cerca de 80 quilômetros ao norte de Tegucigalpa.

Instituições do governo de Honduras e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) levantaram tendas para atendimento de familiares e feridos.

Nelly Baca denunciou que "os mesmos guardas e o diretor da prisão (Dany López Irias) são os responsáveis dessa barbaridade".

"Por que não houve guardas mortos, só detentos?", questionou.

Juan de la Cruz Baca, pai de Juan Carlos, afirmou que seu filho, que era acusado de porte ilegal de armas, foi preso "talvez por andar em más companhias". Ele acrescentou que parentes dos presos que morreram devem se unir para apresentar um processo contra o Estado hondurenho pela tragédia.

"Porfirio Lobo (presidente de Honduras) deveria vir para ver nosso sofrimento, mas não o fez, nem foi a Comayagua; somente mandou representantes", acrescentou.

Maribel de Jesús Zúniga, mãe de outro detento que faleceu, Juan Carlos Chavarría, disse à Agência Efe que "de nada serve pedir justiça", e acusou os guardas e o diretor do centro penal de serem "os responsáveis pelo que ocorreu".

A diretora da Promotoria do Ministério Público hondurenho, Danelia Ferrera, confirmou hoje à imprensa que 354 presos e uma mulher visitava o presídio morreram no incêndio.

Ferrera acrescentou que dentro do centro penal havia 852 pessoas, incluindo a mulher, e que, dos detentos, 477 estão em outras alas da prisão e outros 20 foram hospitalizados. Ela também declarou que não houve fugas.

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