HUNTINGTON BEACH, Califórnia Enquanto as autoridades de várias partes dos EUA lidam para conter o surto de sarampo que começou na Disneylândia, os pais que fazem parte do movimento anti-vacinação estão sendo responsabilizados pelo ressurgimento de uma doença facilmente prevenível que gerou uma crise de saúde pública.
O sarampo, apesar de altamente contagioso, foi erradicado no país há quinze anos, bem antes que um número significativo de pais começasse a se recusar a vacinar os filhos. Segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, os casos de sarampo subiram para 644 no ano passado, batendo o recorde da última década. Em janeiro já foram registradas 102 ocorrências em 14 estados.
Apesar disso e de verem seus filhos mandados de volta para casa, impedidos de participarem de festinhas e/ou excursões, além de serem chamados de negligentes e criminosos muitos não mudaram de ideia. "Não há absolutamente nenhuma razão para vaciná-los", afirma Crystal McDonald, cuja filha de 16 anos estava entre os 66 alunos que foram obrigados a ficar em casa pela Palm Desert High School durante duas semanas por não terem sido imunizados.
Sua filha ficou tão preocupada em perder as aulas de Advanced Placement (curso preparatório para as seleções das universidades) que se ofereceu para tomar a vacina.
"De jeito nenhum! Prefiro que ela perca o semestre inteiro a ter que ser imunizada", disse a mãe.
O movimento anti-vacinação surgiu por causa de um relatório em um jornal médico de 1998 que sugeria a ligação entre as vacinas e o autismo, mas que depois foi comprovado como fraudulento.
"É muito frustrante e difícil ver uma criança sofrendo por algo que poderia ser facilmente prevenível", diz o Dr. Eric Ball, pediatra do Condado de Orange, onde algumas pré-escolas chegam a registrar de 50 a 60 por cento de alunos não-vacinados.
Com a preocupação e a revolta causadas pelo surto, muitas famílias dizem que não querem nem ficar na mesma sala de espera que a garotada que não foi inoculada. "Os pacientes estão morrendo de medo", afirma o médico.
O sarampo é viral e facilmente transmitido pela tosse e/ou espirro. Segundo o CDC, antes de a imunização se tornar comum, em 1963, cerca de três a quatro milhões de norte-americanos eram infectados pela doença todos os anos e de 400 a 500 morriam em consequência dela.
Na comunidade rural de Kearny, Arizona, uma família não vacinada que visitou a Disneylândia em dezembro voltou para casa com quatro casos da enfermidade; uma quinta pessoa também contraiu a doença. Agora, muitas lojas da cidade já têm alertas nas vitrines.
Missy Foster, de 43 anos, disse que não vacinou a filha, Tully, que hoje tem um ano e meio, por medo de a tríplice viral que protege contra o sarampo, a caxumba e a rubéola estar associada ao autismo, mas assim que ouviu falar do surto, agendou a imunização. "Não achei que fosse explodir dessa forma novamente, mas é o que está acontecendo. Então resolvi protegê-la".
Norm Warren, gerente do supermercado Kearny, mudou de opinião a respeito de quem não vacina os filhos. "Antes eu achava que se a pessoa tinha medo de o filho ficar autista, tudo bem, mas agora vejo que isso mexe com a vida de muita gente. Quantas vidas já foram salvas por causa das vacinas?".
Em San Geronimo, na Califórnia, uma comunidade rural ao norte de San Francisco, 40 por cento dos alunos da Escola Primária Lagunitas não foram vacinados contra o sarampo, de acordo com os registros escolares.
Kelly McMenimen disse que "pensou muito sobre o caso" antes de se decidir a não vacinar o filho de oito anos, Tobias, mesmo contra "doenças mortais ou deformantes" porque não queria "muitas toxinas" no corpo do garoto de olhos brilhantes que adora Matemática e Geografia. E conta que o menino já teve catapora e coqueluche. Pensou até em protegê-lo contra o tétano depois de ter se cortado em uma cerca de arame farpado, mas acabou desistindo.
"O sistema imunológico dele é bem resistente"
Ciel Lorenzen disse: "É melhor explorar as alternativas em vez de ir na onda do pânico à sua volta. Nem eu, nem minha família concordamos com as vacinas".
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Ataque de Israel em Beirute deixa ao menos 11 mortos; líder do Hezbollah era alvo