O fantasma de Hugo Chávez assombra Nicolás Maduro.
No enfrentamento da atual crise, Maduro não encontrou, como em outros momentos, sustentação na esperança impulsionada pela retórica e pelo carisma de um líder popular, o que ele já mostrou não ser.
Maduro usou e abusou da imagem daquele que sempre foi o seu grande apoio, Hugo Chávez.
Entretanto, todas as tentativas de comparação somente mostraram ainda mais a falta de carisma de Maduro e a falência do Estado venezuelano, fazendo com que a imagem de Chávez deixasse de ser um trunfo.
Frente a esse cenário, Maduro não consegue emplacar um discurso messiânico ao estilo Chávez a fim de angariar apoio popular. E, sem o apoio popular, aos poucos o apoio político também irá se diluir.
Resultado disso tudo? O que não se consegue por amor, muitas vezes só é possível pela dor. Maduro está esgotando todas as suas alternativas e, aparentemente, o cenário tem se mostrado cada vez mais irreversível. A perda de apoio político aumentará o espaço para o crescimento da oposição.
Assim, sem apoio e assombrado por aquele que ele gostaria de ser mas não consegue, aumenta a possibilidade de uma escalada, não da violência popular, mas da reação violenta do governo na busca pela manutenção do poder que não é mais possível por meio do convencimento, tal qual nos tempos de Chávez.
Eduardo Saldanha, coordenador do curso de direito da FAE