Claudia Sheinbaum, vencedora das eleições presidenciais no México, comemora vitória na praça Zócalo, na Cidade do México, nesta madrugada| Foto: EFE/Mario Guzmán
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A candidata governista Claudia Sheinbaum foi eleita a primeira mulher presidente do México neste domingo (3), em eleições classificadas como as maiores da história em relação à participação de eleitores.

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Os resultados preliminares do Instituto Nacional Eleitoral do país (INE) apontam para uma ampla vitória nas urnas (entre 58,3% e 60,7%), contra 26% da oposicionista Xóchitl Gálvez e 10,8% de Jorge Álvarez Máynez.

Conheça em quatro pontos a futura representante no cargo de presidente do México:

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Formação na área científica

Sheibaum tem 61 anos e é formada em Física na Universidade Nacional Autônoma do México, a maior do país.

Após a graduação, a cientista continuou no meio acadêmico ao ingressar no mestrado em engenharia de energia e, posteriormente, no doutorado e pós-doutorado na área ambiental na Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos.

Foi nessa época que a política surgiu na vida da futura presidente mexicana, período no qual se envolveu com movimentos estudantis e liderou uma greve contra o aumento de mensalidades na universidade pública onde estudava, em 1987.

Essa conexão com organizações de esquerda vem de casa: seus pais, de origem judia, estiveram envolvidos nas grandes manifestações estudantis da década de 1960 no país, que resultaram na morte de centenas de pessoas em uma praça da capital.

Histórico político

Seu perfil técnico rendeu à futura presidente sua entrada na carreira na política, que teve início entre os anos 2000 e 2006, quando foi nomeada secretária de Meio Ambiente da Cidade do México por López Obrador, que venceu eleições locais e se tornou chefe de governo na capital.

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Com o fim do mandato, Sheinbaum continuou atuante ao lado de Obrador no Morena, partido criado por ele, sendo sua porta-voz em duas campanhas presidenciais nas quais o atual presidente não obteve êxito: de 2006 e 2012.

Após o bom trabalho na pasta de Meio Ambiente da capital, Sheinbaum foi crescendo politicamente e ganhou a gestão do distrito de Tlalpan, em 2015, onde ela viveu grande parte da vida com a família. Lá ficou até 2017, quando renunciou para assumir a prefeitura da Cidade do México (2018-2023).

Essa proximidade com o presidente esquerdista, fundador do partido Morena, rendeu algumas críticas à sucessora, apontada como "fantoche" de Obrador.

Defensora das políticas de Obrador

Aliada de Obrador, a candidata governista deixou claro durante sua campanha que pretende dar continuidade às reformas políticas de seu "padrinho".

O atual governo federal elaborou um pacote de emendas que visa alterar 51 dos 136 artigos da Constituição, plano que, se for aprovado, dará ainda mais poder ao Estado no México e ao partido de Obrador, o Morena.

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Entre as propostas desejadas pelo esquerdista estão a de reduzir o número de representantes no Congresso e mudanças na forma como os juízes são escolhidos no país.

Atualmente, os magistrados são admitidos por um Conselho da Magistratura. No caso de ministros do Supremo, os candidatos participam de um processo liderado pelo Executivo e o Legislativo, com a apresentação de uma lista tríplice a partir de indicações do presidente.

Os dois projetos tornariam ainda maior a influência do Morena nas eleições de deputados e juízes, algo visto com bons olhos pelo atual presidente que não pode se reeleger e encontrou em sua aliada a maneira de prosseguir com o plano.

Tamara Taraciuk, especialista em Estado de Direito do centro de estudos Diálogo Interamericano, afirmou em entrevista ao Estadão que a aprovação das emendas seria um grande retrocesso para a democracia do país.

“O pacote de reformas constitucionais do presidente coloca em sério risco a democracia do México. Se fosse aprovada, enfraqueceria gravemente a capacidade das instituições independentes de atuar como controles do poder executivo”, disse.

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Promessa de "mão de ferro" contra o crime

A recém-eleita presidente do México tem um grande desafio à frente do governo de lidar com o crime organizado, que resultou na morte de aproximadamente 190 mil pessoas durante a gestão de Obrador, seu antecessor.

Durante a campanha, Sheinbaum prometeu "impunidade zero" ao crime organizado que faz a população do país refém da violência.

Para o analista Michael Shifter, do centro de pesquisas Diálogo Interamericano, a contenção da criminalidade é um dos - ou o maior - desafio da política nos próximos anos.

"O crescimento ameaçador do crime organizado e dos cartéis florescentes é o problema mais assustador que Sheinbaum precisará enfrentar", disse à AFP.

Segundo o especialista, se ela falhar nesse ponto, poderá afetar todos os seus planos políticos. "Se não conseguir frear a dramática deterioração da situação de segurança do México, será cada vez mais difícil cumprir sua agenda de política social e econômica".

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]