Tanja Nijmeijer, única europeia alistada nas Farc, está em Havana, onde representa a guerrilha| Foto: Adalberto Roque/AFP

Estrangeira

Guerrilheira "pop" desperta atenção

A participação de uma guerrilheira nas negociações de paz em Havana vem roubando a cena. Trata-se da holandesa Tanja Nijmeijer, que chegou à Colômbia em 2000 para estudar e se alistou nas Farc em 2002. Ela é a única europeia alistada na guerrilha desde sua fundação, em 1964. Tanja Ficou conhecida após a publicação, em 2007, de trechos de seu diário como guerrilheira, encontrado em um acampamento invadido pelo Exército colombiano.

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8.500 combatentes integram as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

As Forças Armadas Revo­lucionárias da Colômbia (Farc) anunciaram ontem um cessar-fogo unilateral de 20 de novembro a 20 de janeiro, em um aparente gesto de boa vontade no momento em que o grupo inicia as negociações de paz com o governo colombiano em Cuba.

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É a primeira vez em 13 anos que as Farc anunciam uma suspensão das hostilidades. O anúncio foi feito em Cuba por Iván Márquez, que está à frente da equipe de negociação de paz das Farc em Cuba, segundo os meios de comunicação local. As Farc têm insistido para que o governo também se submeta a um cessar-fogo, mas Bogotá tem recusado.

As conversas de paz devem durar meses. As Farc, compostas por 8.500 combatentes armados, protagonizam uma guerra de guerrilha contra o governo desde os anos 1960.

"Esta decisão política das Farc é uma contribuição destinada a fortalecer o clima de entendimento necessário para que as partes iniciem o diálogo e alcancem o propósito desejado por todos os colombianos", declarou Márquez.

O líder das Farc anunciou o cessar-fogo ao entrar com a delegação da guerrilha em um centro de convenções na zona oeste de Havana onde ontem foram iniciadas as negociações com Bogotá.

Integrantes da delegação colombiana não responderam de imediato ao anúncio de Márquez, que não respondeu às perguntas dos jornalistas ao entrar para as negociações. Em setembro, quando foram anunciadas as negociações, o governo colombiano descartou a possibilidade de ingressar em alguma espécie de cessar-fogo com as Farc.

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Em conversa por telefone com a Associated Press, a ex-senadora colombiana Piedad Córdoba qualificou a decisão das Farc como "muito vanguardista e importante" e disse que o cessar-fogo "dá peso ao processo" de paz.

O primeiro ponto da agenda de negociação é a questão agrária, tema crucial num país com histórica disputa por terras e mais de 3 milhões de deslocados pelo conflito. Cada um das partes estará representado por uma equipe de 30 nomes, sendo cinco deles titulares.

Outros quatro temas ainda irão para a mesa de negociação: o futuro político e legal dos rebeldes, o fim definitivo do confronto, drogas e a indenização às vítimas.