Os últimos dez militares e policiais que ainda estavam sob o poder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) foram libertados nesta segunda-feira (2). Os reféns foram resgatados por um helicóptero da Força Aérea Brasileira (FAB) e pela Cruz Vermelha. Todos haviam sido sequestrados entre 1998 e 1999 em ataques de guerrilheiros a postos policiais e bases militares.A operação quase foi suspensa nesta segunda-feira por causa das condições climáticas desfavoráveis, mas o helicóptero da FAB decolou às 15h, na hora colombiana, para o local na selva onde as Farc combinaram a libertação dos reféns. O helicóptero brasileiro com seis policiais e quatro militares libertados chegou no final da tarde ao aeroporto de Villavicenci, cerca de 110 quilômetros ao sul de Bogotá.Os 10 homens foram recebidos na pista por uma equipe médica e logo em seguida encontraram seus familiares em um salão privado. Os libertados percorreram a pista do aeroporto sorridentes, usando uniformes, e um deles estava com uma bandeira colombiana. Posteriormente, os ex-reféns serão levados de avião a Bogotá para um exame hospitalar.A ex-senadora colombiana Piedad Córdoba, facilitadora da entrega, escreveu em sua conta do Twitter pouco antes da aterrissagem: "cantamos todos cheios de emoção no helicóptero".De acordo com Comitê Internacional da Cruz Vermelha, os reféns libertados: os sargentos Luiz Alfredo Moreno Chagueza e Robinson Saucedo Guarín que foram capturados pelas Farc em 1998; os sargentos Luis Arturo Arcia e Luis Alfonso Beltrán Franco, capturados pelas Farc também em 1998, em outro combate; os policiais José Libardo Florero, Carlos José Duarte, Wilson Rojas Medina, José Humberto Romero e Jorge Trujillo Solarte, todos capturados quando as Farc tomaram o povoado de Puerto Rico Meta em 1999. Também foi libertado o sargento Cesar Augusto Lasso Monsalve, que foi capturado pelas Farc em 1999 quando o grupo guerrilheiro tomou a cidade de Mitú.Os 10 oficiais são os últimos que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a principal guerrilha do país, afirma manter sequestrados, apesar de continuar em seu poder um número indeterminado de civis, e a polícia denuncia que continua sem notícias de mais dois elementos que foram sequestrados.Participação brasileiraO Brasil teve uma participação importante no processo de libertação dos 10 últimos reféns militares mantidos no cativeiro pelas Farc, disse Socorro Gomes, presidente do Conselho Mundial de Paz e ex-deputada federal brasileira, que participou das negociações.
"O governo brasileiro ajudou com os helicópteros, para que uma solução pacífica seja encontrada para esse conflito na Colômbia. As Farc aceitaram negociar e pediram que o governo colombiano garanta os direitos dos presos de consciência no país", disse Socorro Gomes, em entrevista por telefone a partir de Meta, na Colômbia. Ela aguardava a chegada dos reféns no aeroporto.
"Agora, com a libertação dos reféns, nós queremos que o governo colombiano cumpra a sua parte e permita que os presos de consciência sejam tratados de maneira humanitária nas prisões da Colômbia. Nós queremos acesso às prisões", disse Socorro Gomes. Estima-se que a Colômbia tenha sete mil presos de consciência atualmente, não apenas entre ex-guerrilheiros das Farc e do Exército de Libertação Nacional (ELN), como também sindicalistas e estudantes.