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A maior guerrilha da Colômbia decidiu negociar a paz com o governo de Alvaro Uribe se ele suspender as operações militares apoiadas pelos Estados Unidos, segundo um líder dos rebeldes. Até agora, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) se recusavam a negociar.

O porta-voz das Farc, Raúl Reyes, disse que o grupo vai se reunir com o governo desde que Uribe retire suas forças das províncias amazônicas de Putumayo e Caquetá (sul) e suspenda o chamado "Plano Patriota", iniciativa militar do governo, com grande apoio popular, contra a guerrilha marxista.

Uribe foi reeleito em maio, com 62% dos votos, em grande parte graças à redução da criminalidade urbana e da retomada do crescimento econômico. Ele é o principal aliado dos EUA na América do Sul.

- Reyes está impondo condições duras, o que marca uma nova tentativa de negociações agora que Uribe está reeleito - disse o analista Germán Espejo, da entidade Segurança e Democracia, de Bogotá. - Mas Uribe não deve reduzir a pressão militar sobre as Farc. A combinação de pressão militar e postura política pode resultar no começo de negociações de paz antes do final do segundo mandato de Uribe, em 2010.

Em entrevista na quinta-feira à emissora TeleSur, Reyes disse que as Farc não vão se reunir com o governo fora do país nem em qualquer região da Colômbia que não esteja desocupada por soldados e policiais.

- É Álvaro Uribe quem vai decidir se continua a guerra ou tenta se sentar com as Farc - disse Reyes.

Um porta-voz do governo disse que a posição de Uribe não mudou - ele não pretende cessar as operações contra a guerrilha nem desmilitarizar uma parte do país para negociar.

O Exército de Libertação Nacional (ELN, segunda maior guerrilha marxista do país) está mantendo negociações preliminares com o governo Uribe em Cuba.

As Farc e o ELN dizem lutar pela implantação do socialismo no país, que tem agudas disparidades sociais, mas até políticos da esquerda institucional afirmam que essas guerrilhas têm escasso apoio popular.

A guerra civil colombiana já dura mais de quatro décadas e mata milhares de pessoas por ano, além de expulsar dezenas de milhares de suas casas. O conflito se alimenta em parte do enorme comércio de cocaína no país.

Pelo menos nove soldados e dois guerrilheiros das Farc morreram em confrontos nesta sexta-feira na província de Bolívia (norte), disse um porta-voz militar à Reuters.

O governo pede que as Farc, que têm 17 mil combatentes, libertem 62 reféns, inclusive três americanos e a ex-candidata a presidente Ingrid Betancourt. Em troca, rebeldes presos seriam soltos.

Reyes disse que as Farc têm interesse em negociar a troca de prisioneiros:

- Mas isso exigiria do governo uma verdadeira vontade política, a começar por garantias suficientes, sem qualquer armadilha ou truque.

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