O presidente da Bolívia, Evo Morales, disse na quarta-feira que a guerrilha colombiana Farc se tornou "o melhor instrumento" dos Estados Unidos para justificar uma mobilização militar na região.
O presidente, também líder dos produtores de folha de coca, recebeu na terça-feira uma rápida visita do presidente colombiano, Alvaro Uribe, que percorre vários países da região para tentar tranquilizar os vizinhos quanto à sua aliança militar com os EUA.
Morales insistiu que a prorrogação do acordo militar entre Bogotá e Washington é um problema para toda a América Latina.
"Que diziam os Estados Unidos para invadir o Iraque? Que Saddam Hussein tinha armas de destruição em massa. Onde estão? O objetivo era Saddam Hussein. Na nossa região o pretexto é a luta contra o narcotráfico", disse Morales a jornalistas.
"Quero dizer algo: as pessoas que estão nas Farc são o melhor instrumento do império neste momento", acrescentou o esquerdista Morales, que, no entanto, conclamou a guerrilha marxista a abandonar a luta armada e a buscar pacificamente mudanças políticas. Morales citou como exemplo a própria Bolívia. "Nossa experiência é fazer revolução na democracia", afirmou.
O presidente boliviano confirmou que proporá na próxima cúpula do bloco regional Unasul, na próxima segunda-feira em Quito, uma resolução para rejeitar a concessão de bases militares a tropas norte-americanas na região.
"Não é possível que agora se concentrem tantos aviões, tanto aparato técnico-militar na Colômbia. Isso não é contra as Farc, não é contra o narcotráfico, é contra a região. Temos a obrigação (de rejeitá-lo), para defender a dignidade dos bolivianos e de toda a América do Sul".
"Pode ser que alguns presidentes (sul-americanos) não aceitem, mas estou seguro de que os povos lutarão contra o império, contra a dominação, contra a submissão e a escravidão", acrescentou.
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