O dissidente cubano Guillermo Fariñas afirmou ontem que porá um ponto final à greve de fome quando estiverem "na rua" pelo menos 12 dos 52 presos políticos que o Governo de Raúl Castro aceitou libertar. "Sempre disse que até não ser informado oficialmente da libertação dos 12 (...) não vou deixar a greve", disse Fariñas, que completou 134 dias de jejum. "Estou cético. Até que nossos irmãos estejam fora não confiamos nas autoridades", advertiu o dissidente, que iniciou o protesto no dia 24 de fevereiro, um dia depois da morte, depois de 85 dias de greve de fome, do preso opositor Orlando Zapata.
Outros opositores na ilha receberam o anúncio satisfeitos, mas igualmente céticos. Oscar Espinosa, um dos 75 libertados em 2004 por problemas de saúde, considerou a decisão do Governo de "ato de justiça" que "abre possibilidades a outras mudanças" em Cuba.
Para o ativista dissidente Elizardo Sánchez, no entanto, mesmo que o número de presos seja reduzido para 115, a cifra "não garante melhora na situação dos direitos humanos" na ilha.
Dissidentes cubanos que residem na Espanha se perguntavam se as libertações dariam passo a uma verdadeira transição na ilha. O clamor pelos presos foi avivada com as críticas feitas na União Europeia (UE), EUA e outros países pela morte, em fevereiro, do preso opositor Orlando Zapata.