Cairo - Representantes das facções palestinas rivais Fatah e Hamas chegaram ontem no Egito a um entendimento sobre todos os temas nos quais discordavam, incluindo os referentes a formação de um governo e uma data para as eleições gerais.
Uma fonte egípcia de alta representatividade citada pela agência Mena disse que o entendimento aconteceu durante as negociações realizadas no Cairo entre uma delegação do grupo nacionalista Fatah, presidida por Azam al-Ahmad, e outra da organização Hamas, liderada por Moussa Abu Marzuk. O encontro de ontem foi apenas um de vários realizados secretamente.
O acordo deixou muitas autoridades surpresas, já que Fatah (que comanda a Cisjordânia) e Hamas (que controla a faixa de Gaza) têm um histórico de profundas divisões sobre como reagir ao conflito com Israel. "Os dois lados assinaram um rascunho para um acordo. Todos os pontos de diferença foram superados", disse Taher Al-Nono, porta-voz do Hamas. Ele afirmou ainda que Cairo deve convidar em breve as duas partes para assinar um acordo.
Restaurar a união palestina é visto como crucial para reviver qualquer prospecto de um Estado palestino baseado em coexistência pacífica com Israel. Fatah, principal corrente palestina até a vitória do Hamas nas eleições de 2006, apoia a negociação com Israel, já o grupo islâmico rejeita qualquer diálogo.
Al Ahmad e Abu Marzouk disseram que o acordo resolve todos os pontos de discórdia, incluindo a formação de um governo de transição, acordos de segurança e a restruturação da Organização pela Libertação da Palestina para que o Hamas passe a integrá-la.
Um funcionário do alto escalão da inteligência egípcia disse que Mahmoud Abbas, presidente do Fatah, e o líder do Hamas, Khaled Meshaal, que fica refugiado em Damasco, devem comparecer à assinatura do acordo no Cairo.
O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, advertiu hoje a Autoridade Nacional Palestina (ANP) para que escolha "entre a paz com Israel ou a paz com o Hamas".