Personagem
Paranaense na Força Aérea dos EUA guarda o local das explosões
Agência O Globo
A poucos metros da linha de chegada da Maratona de Boston, na esquina das ruas Boylston (onde as duas bombas explodiram na última segunda-feira) e Berkeley, um homem de farda camuflada está de plantão, cuidando para que nada de mau aconteça ao redor das grades que hoje, após a liberação do quarteirão anterior, são o mais próximo que se consegue chegar do local do atentado. Luiz Gustavo Vicentini tem 37 anos e é paranaense. Ele é o único brasileiro da Força Aérea Nacional em Massachusetts.
Há 17 anos morando nos Estados Unidos, ele é formado em Arquitetura, mas deixou o Brasil para fazer mestrado em engenharia. Desde 2007, trabalha como engenheiro militar na Central de Operações de Emergência, setor responsável por ameaças naturais e terroristas.
"Os mais gravemente feridos já haviam sido removidos [quando ele chegou ao local, vindo da base em Cape Cod], mas vi membros de corpos humanos pelo chão, muito sangue e algumas crianças machucadas. A gente é treinado para ver de tudo, só que às vezes é bem difícil. Quando cheguei em casa após o primeiro dia aqui, eu não aguentei e chorei."
Em Pequim
A notícia de que, entre os três mortos nos atentados terroristas em Boston, havia uma estudante chinesa provocou comoção na China, com reações que variaram da solidariedade a manifestações antiamericanas. Embora a família tenha pedido para que sua identidade não fosse divulgada, um jornal estatal de Shenyang, cidade natal da estudante, divulgou seu nome, Lu Lingzi, após a confirmação de parentes. Ela tinha 23 anos, cursava estatística na Universidade de Boston e acompanhava a chegada da maratona com uma amiga, também chinesa, que ficou gravemente ferida. Em pouco tempo, a conta da estudante no popular microblog Weibo (versão chinesa do Twitter) atraiu cerca de 20 mil comentários, entre condolências e críticas aos EUA.
O FBI avançou nas investigações com a seleção de imagens que podem conter dados sobre um suspeito envolvido nos atentados que matou três pessoas e feriu 176 na maratona de Boston na segunda-feira.
O governador de Massachusetts, Deval Patrick, disse que está confiante de que o responsável pelo crime será encontrado, em entrevista à CNN ontem, mas pediu paciência para que as investigações prossigam.
Uma entrevista coletiva em que o FBI divulgaria novas informações sobre o processo, marcada para o final da tarde de ontem, foi cancelada.
Mas o governador negou que o motivo tenha alguma relação com indecisão interna da equipe.
Mídia
Enquanto alguns pacientes eram liberados ontem dos hospitais e o FBI seguia no trabalho investigativo, uma sequência de informações desencontradas divulgadas pela mídia americana, e reproduzidas mundialmente, confundiu a opinião pública.
A CNN dizia ter recebido informações da polícia de que um suspeito fora identificado. Teria sido o circuito interno da rede de lojas de departamentos Lord & Taylor o responsável por captar as imagens.
A Associated Press dizia também que uma pessoa havia sido presa, mas depois desistiu de seu anúncio.
"Nenhuma prisão ligada ao ataque na maratona foi feita, ao contrário do que foi dito pelas reportagens. As informações baseadas em fontes não oficiais são imprecisas", reagiu o FBI em uma nota oficial.
Vídeos
A instituição vem insistindo, desde o início da semana, para que o público envie todos os vídeos ou fotos tomados no momento do ataque, ainda que aparentemente irrelevantes para elucidar os fatos.
As imagens podem orientar entrevistas com testemunhas e outros procedimentos.
Entre os novos detalhes das investigações divulgados, foi encontrada a tampa de uma panela de pressão que pode ter sido usada no artefato explosivo que acabou matando três pessoas na segunda-feira.
A apuração em curso para esclarecer o caso, que chocou os Estados Unidos, inclui o exame de locais em Boston onde as bombas podem ter sido elaboradas, assim como a inspeção de listas de passageiros que chegaram à cidade recentemente.
Vítimas
Entre os mortos está Martin Richard, um garoto de 8 anos que estava próximo ao local onde a primeira bomba foi depositada. Como ele, dezenas de meninos e meninas esperavam seus pais perto da linha de chegada.
O artefato explodiu no momento em que uma multidão de atletas amadores alcançava a linha final.
A maratona, que ocorre em uma região nobre de Boston, é o maior evento esportivo da cidade, realizado no feriado do Dia dos Patriotas, que celebra batalhas da guerra de independência do país no século 18.
Dados
As bombas que explodiram em Boston foram feitas de explosivos colocados em panelas de pressão de 6 litros, uma delas com estilhaços de metal e rolamentos e a outra com pregos.
Bombas de panela de pressão têm sido usadas em atentados pelo mundo, sobretudo por membros da Al-Qaeda. É possível encontrar informações sobre como fabricá-las na internet.
Senado rejeita projeto para regular armas
Folhapress
O presidente dos EUA, Barack Obama, considerou "vergonhosa" a votação do Senado contra a regulamentação da venda de armas.
A Casa rejeitou ontem o projeto que estenderia a verificação de antecedentes para a compra de armas de fogo, frustrando a tentativa de Obama de melhorar a segurança de armas no país, após o massacre em uma escola de Connecticut em dezembro passado.
Outra proposta, que visava proibir armas semiautomáticas de aplicação militar de serem vendidas em lojas, bem como sua munição, também foi derrubada pelos senadores.
"Este foi um dia vergonhoso para Washington", criticou Obama, sobre as decisões do Senado, "mas essa luta não acabou".
"Não há argumentos coerentes sobre por que não faremos isso [aprovar um controle de armas]", afirmou o presidente, rodeado por parentes de vítimas de atentados recentes cometidos por atiradores.
Obama ainda culpou a derrota do projeto pelo "lobby das armas e seus aliados", dizendo que aqueles contra a regulamentação "mentiram de propósito" sobre a legislação.
As rejeições do Senado praticamente enterram o projeto de controle de armas almejado por Obama, tema central de sua proposta. Do outro lado, a medida pode ser considerada uma vitória para a Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês), principal lobby de armas dos EUA.
Na votação realizada ontem, 54 senadores votaram a favor de uma checagem mais rigorosa de antecedentes criminais e 46 se posicionaram contra. A medida precisava de 60 votos a favor para avançar no Senado.
Obama acusou os senadores que votaram contra a medida de cederem à pressão de grupos de interesse específicos.
Em uma medida incomum para políticos profissionais, diversos senadores disseram depois da sessão que não queriam se encontrar com as mães e os pais das crianças assassinadas em Connecticut que estavam presentes à votação de ontem. Alguns deles disseram que seria "difícil" olhar para as fotografias das crianças que os pais levavam consigo.
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