A maior fenda já observada na crosta terrestre desde o início das observações de satélite pode levar à formação de um novo oceano na África. Geólogos afirmam que a rachadura pode alcançar o Mar Vermelho, isolando a Etiópia e a Eritréia do resto da África. A rachadura de 60 quilômetros de extensão atravessa Etiópia e Eritrea e foi inicialmente aberta em setembro por um terremoto que sacudiu a região. O monitoramento da fenda revelou que ela está aumentando numa velocidade sem precedentes, como sustenta estudo publicado na última edição da "Nature".
O movimento denuncia fenômenos em andamento nas profundezas da Terra, onde algumas das placas tectônicas que formam o continente africano estão gradualmente se afastando da placa árabe, fazendo com que a fenda fique cada vez mais longa.
A movimentação das placas vem acontecendo há dois milhões de anos. Eventualmente, erupções vulcânicas e terremotos como o de setembro passado aceleram o processo.
À medida que o vale vai se abrindo rochas fundidas chegam à superfície, onde se solidificam, formando um leito de oceano. Os especialistas calculam que 2,5 quilômetros cúbicos de magma já foram lançados um volume suficiente para encher um estádio de futebol cerca de duas mil vezes.
Segundo Tim Wright, da Universidade de Oxford, se a fenda continuar aumentando desta maneira, em alguns milhões de anos, a ponta da África deve se separar do continente.
Achamos que se o processo continuar, um novo oceano será formado afirmou Wright. A fenda vai chegar ao Mar Vermelho e o oceano irá fluir terra adentro.
Wright integra o grupo de pesquisadores da Grã-Bretanha e da Etiópia que vem monitorando a formação do novo oceano, um evento considerado extremamente raro, sobretudo em terras áridas.
O grupo utiliza instrumentos sísmicos, faz medições locais e analisa imagens de satélite da Agência Espacial Européia para estudar o que está acontecendo sob a crosta terrestre.
Com todos os dados de satélite, conseguimos obter um mapa muito preciso revela Wright. É a maior fenda que se abre pelo menos desde os anos 70 e provavelmente por centenas de anos. E é a primeira vez que usamos imagens de satélite para investigar os processos por trás da abertura de fendas.
As novas tecnologias usadas dão aos pesquisadores resolução de imagem e detalhamento de dados para entender os processos de formação da Terra.