O fenômeno La Niña, referente ao resfriamento da superfície do oceano Pacífico equatorial, que pode provocar alteração nos padrões climáticos do mundo todo, deve voltar a aparecer aproximadamente no final deste ano, afirmou na sexta-feira a Organização Meteorológica Mundial (OMM). Em seu mais recente boletim sobre as temperaturas oceânicas, a agência climática, ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), disse ser "muito improvável" que o El Niño, o fenômeno contrário, no qual há uma elevação das temperaturas da superfície do oceano Pacífico, ocorra no restante de 2007.
O especialista da OMM Rupa Kumar Kolli afirmou que o resfriamento do Pacífico tem se mostrado instável até agora e que o La Niña pode ocorrer na segunda metade do ano "se forem mantidos os crescentes esfriamentos registrados no leste do Pacífico". Segundo ele, o fenômeno costuma durar entre nove e 12 meses e que
- Estamos, atualmente, na fase de desenvolvimento do fenômeno, e ele deve atingir a maturidade por volta do inverno (no hemisfério Norte) - afirmou Kolli, em uma entrevista coletiva. - Mas, provavelmente, terá pouca força.
O La Niña - que ocorre em intervalos de dois a sete anos - é uma "anormalidade climática de escala planetária" conhecida por alterar os padrões de chuva e de temperatura e também por tornar mais violentas as condições climáticas no mundo todo. O especialista descartou, no entanto, a existência de vínculos entre o "La Niña" e as recentes ondas de frio em países do cone sul.
- Dados históricos indicam que as condições do fenômeno La Niña associam-se frequentemente a chuvas mais fortes nas monções e com enchentes na região asiática atingida pelas monções - explicou Kolli.
Segundo o especialista, ainda é cedo demais para prever os efeitos específicos dele em cada região.
- O fenômeno também está ligado a uma diminuição da umidade na África e também à formação de um número maior de furacões no Atlântico - acrescentou.
Atualmente, a temperatura da superfície está neutra em todo o Pacífico tropical, apesar de águas mais frias do que o normal terem sido encontradas perto da costa ocidental da América do Sul, revelou a OMM. O próximo boletim da organização sobre o fenômeno La Niña deve ser divulgado dentro de três meses.
O fenômeno aconteceu pela última vez entre 1998 e 2001 - um evento de longa duração - e provocou seca em grande parte do oeste norte-americano.
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