A ocorrência de um terremoto é altamente imprevisível. A de dois, altamente improvável. A tragédia dupla no norte da Oceania se deu por movimentos geológicos diferentes, e todos os fatores que aproximam os dois fenômenos são casuais: tempo, local e número de vítimas fatais.
Terremotos são causados pelo choque entre duas placas tectônicas os grandes blocos de terra que formam a superfície terrestre. As ilhas de Sumatra e das Samoas, embora próximas, sofreram terremotos diferentes.
Samoa e Samoa Americana se assentam sob o Anel de Fogo, uma linha imaginária que indica as bordas da placa tectônica do Oceano Pacífico. Nessa região, que forma uma grande ferradura entre a costa oriental da Ásia e a ocidental das Américas, ocorre cerca de 90% dos terremotos do mundo. Já a ilha de Sumatra, além de estar no Anel de Fogo, se encontra em uma cadeia de montanhas chamada de cinturão Alpide, onde acontecem 6 dos 10% restantes de terremotos registrados no planeta.
Do fundo do mar
No caso samoano, a destruição foi causada por um tsunami onda gigante provocada por terremoto com epicentro no mar. Quase todas as condições que provocam fortes tsunamis aconteceram nesta semana, produzindo ondas que varreram o litoral de diversas ilhas do Pacífico a uma velocidade correspondente a de um avião Boeing 747. Não havia nenhuma barreira capaz de reduzir a velocidade das águas. O arquipélago de Samoa está a 200 quilômetros do epicentro e num ângulo de impacto direto da onda.
Para George Sand França, chefe do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília, as lições aprendidas após o grande tsunami de 2004 que matou 230 mil pessoas fez com que perdas humanas no evento de ontem fossem minimizadas. "Depois daquela tragédia, foram instalados registradores sismológicos para alertar os habitantes sobre a ocorrência de tsunamis", relata.
A França ressalta que a diferença de intensidade na escala Richter (9º em 2004; 8º ontem) corresponde, na prática, a um terremoto 10 vezes mais fraco. "Em Samoa ocorreu um fenômeno mais raso. O epicentro estava próximo à superfície. Com isso, não formaram-se ondas muito grandes", afirma.