Alberto Fernández, ex-presidente da Argentina, criticou neste sábado as ações do governo de seu sucessor, Javier Milei, alegando que elas têm prejudicado as relações bilaterais com Brasil, Espanha, entre outros países. Fernández também questionou as frequentes viagens de Milei, que atualmente se encontra em Madri.
“O governo atual deteriorou nossas relações com Espanha, Brasil, Colômbia, México, China e grande parte do mundo árabe. Na tentativa de se alinhar com os ‘poderosos’, distanciou-se de nossos irmãos regionais e dos principais parceiros comerciais”, declarou Fernández.
Por meio da rede social X, o líder peronista expressou que Milei “parece preocupar-se apenas em propagar seu discurso agressivo entre aqueles que, assim como ele, desdenham a democracia, negam as mudanças climáticas e rejeitam o respeito à diversidade de gênero”.
“Em um período de seis meses, ele percorreu mais de 100.000 quilômetros e despendeu milhões de pesos em convenções conservadoras e fascistas, lançamentos de livros que distorcem até mesmo seu passado, conferências que incitam à violência, encontros com magnatas que influenciam as redes sociais e demonstrações de um misticismo alarmante”, acrescentou Fernández.
Ele enfatizou que tais gastos poderiam ter sido menores para a Argentina “se contássemos com uma ministra das Relações Exteriores dedicada” - referindo-se à chanceler Diana Mondino - “e se a política externa fosse pautada pela autonomia, não pela adoção de uma ideologia desumanizada e submissão a um poder em declínio”, em crítica à decisão de Milei de alinhar a política externa argentina com os Estados Unidos e Israel.
“Enquanto a qualidade de vida na Argentina se deteriora, seguimos arcando com as consequências das decisões absurdas de um ‘embaixador da luz’ que nos deixa às escuras”, argumentou Fernández, em alusão ao título de “embaixador internacional da luz” concedido pela comunidade judaica de Miami a Milei durante sua visita aos Estados Unidos em abril.
Javier Milei, líder do partido A Liberdade Avança e presidente da Argentina desde dezembro do ano passado, partiu na última quinta-feira para a Espanha em sua primeira visita oficial ao país, sem planos de encontro com o rei Felipe VI ou autoridades governamentais. Contudo, participará da convenção anual do partido Vox.
Na sexta-feira, Milei apresentou em Madri seu novo livro, “El camino del libertario” (“O caminho do libertário”, em tradução livre), e no sábado encontrou-se com executivos de empresas espanholas, além de planejar uma reunião com Santiago Abascal, deputado e presidente do Vox.
Milei participará de encontro partidário
O ponto alto da visita será no domingo, quando Milei, ao lado de outros líderes conservadores internacionais, discursará na convenção anual do Vox, Europa Viva 24, evento no qual já havia participado no ano anterior como candidato à presidência. Este ano, ele se dirigirá aos participantes com um novo discurso.
“Milei utiliza recursos estatais para participar de um encontro do fascismo global. Isso ocorre em um momento em que salários diminuem e o emprego formal enfrenta dificuldades. Será que não percebemos que o desenvolvimento argentino e o bem-estar da população não fazem parte de seus planos?”, indagou Alberto Fernández.