O presidente da Argentina, Alberto Fernández, afirmou nesta quarta-feira (29) que rejeitou o pedido feito pelo presidente Jair Bolsonaro para que intercedesse junto ao governo da Bolívia para permitir que a ex-presidente interina boliviana Jeanine Áñez se refugiasse no Brasil.
“Ele veio me pedir para interceder junto à Bolívia para que Áñez fosse ao Brasil como solicitante de asilo e eu disse a ele que infelizmente não poderia fazer nada disso”, disse Fernández em entrevista à emissora C5N.
O presidente argentino declarou ainda que “a Bolívia deu um exemplo ao mundo ao julgar um golpe com tribunais ordinários e sem mudar os juízes naturais”.
Na última segunda-feira, Bolsonaro comentou que estava trabalhando para oferecer asilo a Áñez, condenada à prisão por descumprimento de deveres e resoluções contrárias à Constituição quando assumiu o poder em 2019.
Bolsonaro revelou que discutiu essa possibilidade com outros líderes sul-americanos, entre os quais citou Alberto Fernández, com quem disse ter discutido a situação de Áñez na última Cúpula das Américas.
“Faremos o possível para que venha ao Brasil”, declarou Bolsonaro, que considerou que Añez foi presa injustamente por “supostos atos antidemocráticos” após “vencer o grupo simpático” ao ex-presidente Evo Morales.
Áñez assumiu interinamente o comando do país como segunda vice-presidente do Senado em 12 de novembro de 2019, dois dias depois que Evo Morales renunciou ao poder, assim como todos os funcionários na linha de sucessão presidencial.
A renúncia ocorreu em meio à crise política e social que eclodiu após as eleições de outubro daquele ano e denúncias de suposta fraude em favor de Morales, que negou essa possibilidade.
Añez ficou no poder por um ano e meio e foi sucedida pelo atual presidente, Luis Arce, que venceu as eleições de 2020 como candidato do Movimento pelo Socialismo (MAS), mesmo partido de Morales.
A ex-presidente interina foi presa em março de 2021 e, no último dia 10, condenada a dez anos de prisão por um tribunal de La Paz, que emitiu a mesma sentença contra o ex-comandante das Forças Armadas, Williams Kaliman, e o ex-comandante da Polícia, Yuri Calderón, cujos paradeiros são desconhecidos.