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Argentina

Fernández arquiva expropriação da Vicentin, mas continua apostando na intervenção

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Manifestantes protestam contra quarentena e contra a intervenção do Estado na empresa Vicentin (Foto: ALEJANDRO PAGNI/AFP)

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O presidente da Argentina, Alberto Fernández, por enquanto, parece ter deixado de lado os planos de expropriação da agroexportadora Vicentin para apostar em uma intervenção compartilhada entre os governos nacional e da província de Santa Fé, pleiteando a ideia na justiça em vez de forçar um caminho pelo legislativo.

Passadas duas semanas do anúncio da expropriação, o governo não apresentou oficialmente um projeto de lei sobre o assunto ao Congresso - embora contasse como certa uma aprovação por parte do legislativo de maioria peronista. Neste domingo, Santiago Cafiero, chefe de gabinete de Fernández, disse, nas entrelinhas, que a expropriação não é, neste momento, o principal foco do governo em sua tentativa de salvar a companhia estratégica da falência. A aposta está em um plano de intervenção apresentado pelo governador de Santa Fé, Omar Perotti.

"A proposta que Perotti trouxe é a primeira hipótese de trabalho que temos", disse neste domingo (21) Santiago Cafiero, chefe de gabinete de Fernández.

O principal objetivo deste "plano B" é afastar a diretoria da Vicentin do controle da empresa. Na sexta-feira passada, o juiz do caso, Fabián Lorenzini, reinstituiu os diretores em seus cargos, afastando os interventores indicados pelo governo de Fernández. Perotti acredita que foam os gerentes da Vicentin que levaram a empresa "ao estado de cessação de pagamentos que motivou a abertura da falência".

A Vicentin emprega quase 1.300 pessoas e declarou situação de insolvência em dezembro do ano passado. Está devendo 1,4 bilhão de dólares (99 bilhões de pesos) a mais de 2.600 credores – o maior deles é o Banco Nacional, a quem a Vicentin deve 18 bilhões de pesos. O faturamento anual da companhia, que foi a maior doadora da campanha de reeleição do ex-presidente Mauricio Macri, é de cerca de US$ 3 bilhões. A Vicentin ainda é alvo de uma investigação judicial por fraude contra o Estado por ter solicitado créditos ao Banco Nacional pouco antes de pedir falência. Também há uma investigação contra os donos por suposta lavagem de dinheiro e triangulação com base em uma rede de subsidiárias "espelho" no exterior, segundo informou o Clarín.

Na proposta de Perotti, a Vicentin seria comandada por dois auditores nomeados pelo governo nacional, Gabriel Delgado e Luciano Zariach, e por um indicado pela província, que seria Alejandro Bento, que pertence ao círculo de amigos do governador. Por fim, devido às dívidas com o Banco Nacional, a Vicentin seria transformada em uma empresa mista.

Mas para que esse "plano B" seja levado adiante, ainda será preciso a aprovação da justiça.

Fernández disse que se a ideia de Perotti esbarrar no juiz, o governo dará seguimento aos planos de expropriação. A opinião pública, porém, pode se colocar contra ele, visto a mobilização nacional deste sábado contra o avanço do Estado sobre a propriedade privada.

O que dizem os donos da Vicentin

Hector Vicentin, acionista e filho de um dos fundadores da agroexportadora, descartou o plano apresentado por Perotti e disse que se trata de uma "expropriação light".

"Sabemos que temos problemas, mas existem alternativas à expropriação, intervenção e a uma empresa mista. Temos que nos sentar para dialogar e eles precisam nos deixar trabalhar e investir, que é o que sabemos fazer", afirmou Héctor Vicentin.

O diretor executivo da companhia, Máximo Padoan, também rechaçou a proposta, dizendo que "as novas soluções que vão aparecendo são cada vez piores". "O plano de Perotti é pior que a desapropriação por lei do Congresso, porque desloca os administradores eleitos em assembleia por alguns interventores".

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