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O presidente da Argentina, Alberto Fernández, em ato político que homenageou o ex-presidente Néstor Kirchner, no aniversário de 11 anos de seu falecimento, em estádio na Grande Buenos Aires, 27 de outubro
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, em ato político que homenageou o ex-presidente Néstor Kirchner, no aniversário de 11 anos de seu falecimento, em estádio na Grande Buenos Aires, 27 de outubro| Foto: EFE/Juan Ignacio Roncoroni

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, disse na quarta-feira que a alta inflação no país não tem nada a ver com problemas de política monetária, mas com "especulação" de empresários "patifes", particularmente do setor alimentício.

"Preocupo-me com a inflação tanto ou mais do que vocês", disse Fernández em um grande comício com militantes governistas no estádio do Club Deportivo Morón, na Grande Buenos Aires.

No evento, que homenageou o ex-presidente Néstor Kirchner, cuja morte completou 11 anos nesta quarta-feira, Fernández afirmou que "a inflação não tem outra explicação a não ser a especulação de um grupo de patifes que querem aproveitar o momento para obter lucros em detrimento dos argentinos".

"Não se trata de um problema de emissão monetária. A base monetária está crescendo muito menos do que a inflação", alegou.

O problema, segundo ele, "é a concentração da produção de alimentos, a fixação de preços nas mãos de poucos operadores, e diante disso temos que ser firmes, fazer frente aos poderosos e dizer-lhes que isso não pode continuar".

Fernández defendeu a medida adotada em 19 de outubro pela Secretaria de Comércio Interior, que exige que os preços de 1.500 produtos de consumo em massa, principalmente alimentos, sejam congelados até 7 de janeiro, uma resolução questionada pelos setores empresariais.

Na ocasião, Daniel Funes de Rioja, líder da Copal e da União Industrial Argentina, a maior organização de empregadores do país, afirmou que "a indústria não é a causa da inflação, mas sofre suas consequências", e que as políticas de congelamento de preços são insustentáveis, "pois afetam a continuidade produtiva a longo prazo".

A preocupação do setor produtivo é de que o congelamento de preços provoque, em momento posterior, escassez de produtos e mais inflação - assim como o ocorrido em todas as vezes que a receita foi usada na Argentina.

Aumento de preços

De acordo com os últimos dados oficiais disponíveis, para alimentos e bebidas como um todo, foi registrado um aumento interanual de preços de 53,4% em setembro, e desde o início de 2021 a alta foi de 36,6%.

Segundo o governo, nas duas primeiras semanas de outubro houve uma aceleração dos preços de alimentos e produtos de limpeza e higiene pessoal, que subiram de 8% a 25%.

Alberto Fernández assinalou que "não é justo que os preços dos alimentos básicos cresçam da maneira como estão crescendo, quando a renda daqueles que trabalham não cresce da mesma maneira".

"Não hesitamos: entre aqueles que especulam às custas da fome dos argentinos e os argentinos que têm fome, estamos do lado dos argentinos que têm fome", afirmou.

Fernández "não vai se ajoelhar" diante do FMI

Também na quarta-feira, o presidente argentino Alberto Fernández disse que não vai se ajoelhar diante do Fundo Monetário Internacional (FMI), nem assinará "a qualquer preço" um novo acordo com a organização, com a qual o país sul-americano pretende refinanciar cerca de US$ 43 bilhões em dívidas.

"Se ainda não chegamos a um acordo, é porque não vamos nos ajoelhar, porque vamos negociar até que nosso povo não veja seu futuro em risco pagando uma dívida", declarou Fernández durante o ato com militantes governistas.

Fernández afirmou também que é "exigido" pela imprensa argentina que ele assine um acordo com o FMI "rapidamente" e "a qualquer preço", mas garantiu que não agirá desta forma.

"Às vezes desejo que os jornais argentinos, em vez de me pedirem para apressar um acordo com o Fundo de qualquer forma, digam ao Fundo para assumir a responsabilidade pelos danos que causou ao dar à Argentina uma dívida que não se podia pagar", afirmou.

O presidente argentino descreveu como uma "ruína" para seu país o acordo de ajuda financeira que o FMI assinou em 2018 com o então presidente Mauricio Macri, pelo qual foi aprovado um empréstimo de US$ 56,3 bilhões. Desse total, US$ 44,2 bilhões foram efetivamente repassados aos cofres do país.

Essa dívida, devido à aplicação de juros e variações na taxa de câmbio e ao pagamento da primeira parcela, realizado há um mês, era de US$ 43,092 bilhões no final de setembro, de acordo com os últimos dados oficiais disponíveis.

Fernández, que se reunirá no próximo fim de semana com a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, no âmbito da cúpula do G20, em Roma, pretende renegociar com a entidade os juros e os prazos de pagamento das parcelas. O governo argentino alega que o país não tem capacidade para pagar os pesados compromissos previstos até 2024 no acordo feito em 2018.

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